A equipe de análise da nossa Corretora fez uma análise de sensibilidade para estimar o impacto que uma queda nas vendas teria na avaliação da Usiminas. Os analistas Conrado Vegner e Victor Chen entendem que a queda de 50% no preço acumulado no ano reflete, entre outros fatores, o impacto difícil de estimar da pandemia de coronavírus.

Também está no preço atual da ação um possível movimento de redução de risco por alguns participantes do mercado e a incerteza envolvida em fazer previsões no momento. "Dito isto, o preço atual das ações parece incorporar uma perspectiva negativa demais", escrevem em relatório.

Demanda em queda

A disseminação do coronavírus e as tentativas de limitar seu alcance trouxeram medidas rigorosas que podem ter um impacto negativo significativo na atividade econômica. De fato, várias montadoras suspenderam temporariamente as atividades no Brasil e a maioria das lojas não essenciais foi obrigada a fechar em todo o país.

Tudo isso, associado à incerteza nas decisões de consumo e de investimento, deve ter um impacto negativo na demanda por aço.

Nas simulações rodadas pelos analistas da nossa Corretora, foram consideradas que, quando o volume de vendas caísse abaixo da capacidade de produção de aço bruto, a Usiminas deixaria de comprar placas de terceiros e o acúmulo de estoque seria gradualmente consumido nos anos seguintes, com a expectativa de retomada das vendas. Nessa simulação, foi mantida a projeção de despesas operacionais constante em todos os cenários e não foram feitos ajustes nas previsões de investimentos.

Considerando todas as limitações inerentes a este exercício de simulação, o preço atual das ações parece refletir uma queda potencial de 40% nas vendas em 2020, na comparação anual, e uma outra queda de 10% em 2021. "Ainda que seja correto esperar vendas menores neste e no próximo ano, o preço atual dos papéis parece embutir o que é, atualmente, uma perspectiva terrível", escrevem em relatório.

Siderúrgica divulga medidas

Para reagir à queda na atividade, a Usiminas anunciou férias obrigatórias a parte do corpo de funcionários em duas divisões. O impacto no resultado da companhia não deve ser muito significativo, mas nossos analistas destacam que a medida é um indicador de que o recuo na demanda já pode estar se concretizando.