Os mercados ao redor do planeta tiveram o pior mês desde a crise de 2008. As bolsas apresentaram forte queda frente ao cenário de uma iminente recessão global por conta da pandemia de coronavírus, que levou à paralisação da atividade em diversas nações.

Nosso time de Macroeconomia destaca que no Brasil, após recomendações das autoridades de saúde, diversas cidades decretaram algum tipo de quarentena ou restrições ao funcionamento de estabelecimentos comerciais, medidas absolutamente indispensáveis para conter o avanço do contágio. Mas, como resultado, houve uma queda relevante do faturamento do setor de serviços. Além disso, a atividade industrial também ficou comprometida em alguns setores.

Nesse contexto, nossa Carteira Recomendada de Ações apresentou em março uma queda de 34,2%, contra uma perda de 29,9% do Ibovespa. Das ações de nossa carteira, se mostraram mais resilientes os papéis da Vale (-6,3%), Pão de Açúcar (-10,9%), Bradespar (-14,9%) e Hapvida (-22,4%).

Em meio a esse cenário, o time de análise da nossa Corretora divulga as recomendações para abril. Nossos estrategistas decidiram excluir da carteira as ações da Via Varejo, Eletrobras, BR Distribuidora e MRV. Foram incluídas ações de CPFL, Engie, Energisa e Raia Drogasil.

Apesar do colapso dos preços do petróleo e da menor demanda pela commodity em meio à crise do coronavírus, nossos analistas mantêm os papéis preferenciais da Petrobras na carteira.

Eles explicam que, apesar do contexto macroeconômico desfavorável no curto prazo, a empresa negocia a um preço atrativo em relação aos fundamentos e está adotando medidas de preservação de caixa como postergação de investimentos e medidas de ganho de eficiência. O foco da estatal é na geração de caixa e controle de custos. Além disso, as ações da Petrobras seguem negociando com desconto em relação a seus pares globais.

Veja como fica o portfólio e entenda as movimentações:

Carteira Recomendada - Abril.png Inclusões na carteira

- CPFL (CPFE3)

Nossa equipe acrescentou CPFL na Carteira Recomendada por conta do momento macroeconômico que pede mais cautela na seleção dos papéis. CPFL é uma empresa de qualidade comprovada pelo mercado.

Apesar de, no curto prazo, a demanda ser impactada pelo confinamento, nossos analistas acreditam na regulação que oferece equilíbrio econômico para as distribuidoras. A CPFL deve gerenciar essa situação sofrendo menos impactos que outros setores.

A empresa possui pontos de atratividade para investidores, como o crescimento via aquisições no segmento de distribuição e geração, e a distribuição de dividendos.

- Energisa (ENGI3)

Energisa foi incluída como parte da estratégia de mitigação de riscos aos impactos da Covid-19. A companhia conta com uma gestão familiar com mais de 100 anos de experiência no setor, além do potencial de crescimento vindo da recuperação das distribuidoras adquiridas da Eletrobras.

Assim como na CPFL, a demanda deve ser impactada pelo confinamento, mas a companhia deve conseguir administrar esse período.

- Engie (EGIE3)

Engie é uma empresa que atua nos segmentos de geração e transmissão de energia elétrica. No ano passado, a empresa adquiriu da Petrobras a transportadora de gás TAG, o que abre uma via de oportunidades. Além disso, Engie distribui bons dividendos recorrentemente, aumentando a atratividade das ações.

- Raia Drogasil (RADL3)

Olhando para o setor de medicamentos, nossa equipe espera que seja o setor mais resiliente durante a crise. Apesar da falta ocasional de máscaras e álcool em gel, devido ao aumento da demanda, esperamos uma manutenção da cadeia de suprimentos e de suas operações. Como nos supermercados, houve um aumento na demanda.

A Raia Drogasil é a maior rede de farmácias do Brasil com uma operação extremamente sólida que deve se manter firme nesse momento. Desse modo consideramos uma ótima ação em uma visão mais conservadora.

Exclusões na carteira

- BR Distribuidora (BRDT3)

A empresa sai de nossa carteira por conta dos impactos da Covid-19 sobre o contexto macroeconômico, uma vez que o estabelecimento do lockdown” deve afetar diretamente a demanda por combustíveis e outros produtos vendidos ao consumidor final.

Com isso em mente, nosso time optou por não expor o portfólio a esse tipo de risco nesse momento. Apesar disso, a empresa vem apresentando boas iniciativas na gestão após a primeira fase do desinvestimento da Petrobras.

- Eletrobras (ELET3)

Foi excluída de nossa carteira devido à alta volatilidade do papel frente aos impactos da pandemia. As ações da Eletrobras tendem a ser muito sensíveis aos eventos macro e à percepção do mercado sobre a privatização da companhia, em pauta desde o ano passado.

Em novembro de 2019, o governo apresentou o modelo de capitalização da Eletrobras, mas o processo só deve voltar à tona ao final 2020. Com isso em vista, nossos especialistas preferiram evitar a exposição ao papel no curto prazo.

Se aprovado, o processo de privatização pode trazer ganhos relativos a um plano de desinvestimento, programas de redução de custos, melhora na alocação de capital, e gestão de passivos.

- Via Varejo (VVAR3)

A empresa está passando por um processo de reestruturação desde que o GPA vendeu sua participação. Com o fechamento de suas lojas físicas, consideramos que a companhia ainda não tem a melhor plataforma digital para aproveitar o momento de quarentena, o que deve pressionar mais ainda seus resultados.

Além disso, ao contrário de seus concorrentes, a companhia possui uma posição de caixa mais delicada. Desse modo, apesar de gostarmos da nova gestão e das medidas que estão sendo tomadas, nosso time optou por um movimento mais conservador, retirando VVAR3 da carteira.

- MRV (MRVE3)

Nossa equipe segue acreditando na tese de MRV, e também na sólida estrutura de capital da companhia, que deve permitir superar desafios de curto prazo trazidos pelas consequências do coronavirus.

No entanto, nossa equipe acredita que o impacto dessa crise nos resultados da empresa pode se estender, principalmente se considerada a exposição da companhia ao programa Minha Casa Minha Vida, e a dependência desse programa a recursos governamentais e a operação da Caixa Econômica Federal. Na avaliação de nossos especialistas, esses recursos serão canalizados ao combate aos impactos da pandemia no curto prazo.