Depois de um terceiro trimestre de volatilidade para o mercado acionário, iniciamos o último trimestre do ano com perspectivas positivas para a Bolsa, apesar de o cenário ainda incluir a perspectiva de volatilidade. A projeção dos especialistas da nossa Corretora é de 112.000 pontos para o Ibovespa no final do ano — você pode ler mais sobre o assunto aqui.

É neste cenário que divulgamos a carteira recomendada de ações de outubro. O material é elaborado todos os meses pelo time de análise da Safra Corretora. Para este mês, os especialistas promoveram uma alteração: as ações da BB Seguridade (BBSE3) entram no lugar das ações da Rumo Logística (RAIL3).

O portfólio é composto, atualmente, por 18 ações, diversificadas entre diferentes setores. A maior exposição da carteira está no setor financeiro (29%), seguido pelos setores de petróleo (13%) e saúde (11%).

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Em setembro, a carteira apresentou retorno negativo de 8,93%, contra uma queda de 4,80% do Ibovespa. O mês foi marcado, pelo lado internacional, pelo crescimento do contágio da Covid-19 em países da Europa e por mais uma escalada na tensão entre EUA e China.

No noticiário local, o destaque ficou por conta das incertezas fiscais trazidas pela dificuldade de se criar um programa de transferência de renda em meio à restrição orçamentária para cumprir o teto de gastos em 2021.

Conheça as indicações para este mês e as explicações para cada movimento, escritas pelo nosso time de análise:

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Inclusão

  • BB Seguridade (BBSE3)

Estamos incluindo BB Seguridade em nossa carteira recomendada do mês de outubro. Nossa inclusão deve-se ao caráter defensivo de algumas linhas de negócio, sólida consistência de resultados e ausência de grandes riscos regulatórios e de governança. Também destacamos boas perspectivas de retomada de venda de prêmios de seguros. Além disso, ainda vemos a BB Seguridade como um dos principais nomes em termos de dividendos no setor financeiro. Estimamos um retorno de ~7% para 2020 apenas em dividendos, o que nos parece bastante interessante dado o atual nível atual de juros (Selic de 2% para final do ano)

Exclusão

  • Rumo Logística (RAIL3)

Estamos retirando a Rumo (RAIL3) da nossa carteira recomendada. Mantemos otimismo com a empresa para o longo prazo, em função do seu perfil monopolista no transporte ferroviário, e sua grande exposição ao agronegócio brasileiro, que possui elevado potencial de crescimento com o aumento da demanda mundial por alimentos. Porém, a companhia deve encontrar dificuldade para entregar o seu guidance de crescimento de volume e EBITDA para 2020, 10% e 15% respectivamente, em função da postergação da safra em 2020, e principalmente com a maior competição com transporte realizado para o arco norte do país (rodoviário/fluvial), reflexo da queda do preço de frete com a pavimentação da BR-163, que deverá ser concedida e deverá cobrar pedágio em 2021.

Manutenção

  • CCR (CCRO3)

Estamos mantendo CCR (CCRO3) em nossa carteira recomendada. As ações da empresa foram fortemente penalizadas em função da performance operacional negativa influenciada pelos efeitos do novo coronavírus, com queda de volume de trafego nas concessões rodoviárias e de mobilidade (metrôs e aeroportos). Porém, uma forte recuperação já foi verificada no volume de trafego das rodovias (~80% do seu resultado), e deve influenciar positivamente o resultado do 3T20, em função da elevada alavancagem operacional. Por fim, acreditamos que a assinatura de aditivos contratuais nas rodovias paulistas, aparentemente eminente, pode influenciar positivamente o preço das ações no curto prazo.

  • CESP (CESP6)

Mantemos Cesp em nossa carteira recomendada seguindo nossa estratégia de mitigação de riscos, em face à alta volatilidade do mercado no curto prazo. Consideramos três principais pontos: (i) característica defensiva da empresa que atua no segmento de geração hidrelétrica, com baixa exposição aos efeitos da pandemia; (ii) bons resultados operacionais vindos do processo de turnaround em implementação desde a privatização da companhia, com possibilidade de distribuição de dividendos extraordinários; e (iii) possibilidades de ganhos extraordinários vindos do resultado de processo judiciais em curso, não considerados em nosso preço-alvo. A Cesp vem melhorando sua eficiência e, mais recentemente, apresentou bons resultados tanto operacionalmente quanto nas iniciativas no campo jurídico. Acreditamos que Cesp apresenta boas oportunidades para ganhos não esperados, com um nível de risco operacional baixo.

  • HERMES PARDINI (PARD3)

Acreditamos que a recuperação de resultados dos laboratórios está acontecendo de forma rápida, após as restrições de circulação ocasionadas pela pandemia de Covid-19. Nossas análises apontam para uma rápida recuperação de demanda nos testes recorrentes (não relacionadas ao Covid). Além disso, os testes de Covid estão em processo de expansão, representando um incremento relevante de faturamento. Dessa forma, a companhia já deve rodar a partir do 3T20 com crescimento de lucro e com boas perspectivas para os próximos anos. PARD3 negocia a 20,5x P/E 2021, comparado com 20,5x para FLRY3 e 26,8x para AALR3.

  • Tegma (TGMA3)

Estamos mantendo Tegma (TGMA3) em nossa carteira recomendada. Esperamos uma gradual recuperação para os resultados da empresa nos próximos meses, impulsionada pelo reestabelecimento da operação de transporte de veículos novos, que foi negativamente afetada pelas medidas adotadas para contenção do coronavirus no país. Acreditamos que a retomada tem como ponto de partida a o reinicio das atividades das montadoras de veículos, e deverá ser reforçada pelo aumento da demanda pelo segmento, que deverá ser impulsionada pelas condições atrativas de crédito ao consumidor.

  • B3 (B3SA3)

Mantivemos B3 em nossa carteira. A companhia é uma das principais beneficiárias da mudança estrutural de juros de nossa economia, o que deve beneficiar tanto o mercado de ações, como derivativos. Já há um pipeline robusto de novas operações (IPOs e follow-ons) na bolsa, o que beneficiará a B3 em termos de volumes negociados. Recentemente, a B3 inclusive aumentou seus investimentos para o ano de 2020, para fazer frente a esse cenário do fortes volumes. Vale destacar ainda os sólidos fundamentos da companhia, como a sólida geração de caixa e a entrega de bons dividendos. Estimamos cerca de 4.3% apenas em dividendos em 2020, o que consideramos como bastante atrativo.

  • ENGIE (EGIE3)

Mantemos Engie em nossa carteira recomendada mantendo parte de nossa estratégia de mitigação de riscos frente à alta volatilidade de mercado decorrente do cenário político e dos impactos da pandemia causada pelo Covid-19. Engie é uma empresa que atua no segmento de geração e transmissão de energia elétrica, um dos menos expostos aos efeitos da crise da Covid-19. No ano passado, a empresa adquiriu da Petrobras a transportadora de gás TAG, o que abre uma via de oportunidades de crescimento para o futuro. Além disso, Engie distribui bons dividendos recorrentemente, aumentando a atratividade das ações e ainda apresenta potencial de ganhos no curto prazo. Além disso, possui um portfólio bem diversificado capaz de mitigar riscos operacionais.

  • TIM (TIMP3)

Mantivemos TIM na carteira por ainda acreditarmos em um desfecho breve das negociações envolvendo o business móvel da Oi. Este movimento de consolidação será positivo ao setor, mas principalmente à TIM, cuja sua receita tem maior exposição ao segmento móvel (95% de sua receita vêm do segmento móvel vs. 65% da Receita da Telefônica Brasil). Esperamos uma redução do ambiente competitivo com a consolidação do setor móvel, o que, portanto, beneficiará à companhia.

  • HAPVIDA (HAPV3)

A Hapvida tem um modelo de negócios vencedor, oferecendo planos de saúde a um custo altamente acessível devido à sua estrutura verticalmente integrada, com um enorme foco em processos, protocolos e prevenção. Acreditamos que os riscos relacionados à Covid para a companhia são muito baixos atualmente, sendo o mercado de trabalho o principal fator de curto prazo a ser observado. Entretanto, mesmo com uma economia mais fraca, a Hapvida tem capacidade de ganhar mercado devido ao seu posicionamento de preço altamente competitivo. A ação negocia a 32,5x P/E para 2021, comparado a 40,0x para GNDI3.

  • SANTANDER BRASIL (SANB11)

Mantemos Santander Brasil em nossa carteira. O banco divulgará seu resultado do 3T no final deste mês e esperamos uma melhora em relação ao trimestre anterior. Não esperamos um nível de provisionamento como o visto no trimestre anterior, o que deve reduzir a pressão negativa sobre o lucro do banco. Além disso, acreditamos que o banco apresente uma melhora gradual do nível de rentabilidade, à medida que a economia se recupere, e o nível de provisionamento para inadimplência caia.

  • IGUATEMI (IGTA3)

Estamos mantendo Iguatemi (IGTA3) na nossa carteira recomendada. Apesar da expectativa negativa para os resultados do 3T20, mantemos otimismo com a empresa e o setor para o longo prazo, e acreditamos que as ações da companhia foram excessivamente penalizadas, principalmente considerando a qualidade dos ativos do grupo, e histórico de resiliência apresentado em crises anteriores.

  • VIA VAREJO (VVAR3)

Via Varejo divulgou resultados positivos no 2T20 mostrando que a companhia segue caminhando na sua agenda de transformação digital. A companhia foi capaz de manter o mesmo nível de GMV mesmo com a maior parte de suas lojas fechadas, o que reforça sua transformação digital. Com os surpreendentes dados da companhia nós esperamos que a ação continue em um bom momento.

  • GERDAU (GGBR4)

Mantemos a Gerdau na Carteira Recomendada. A Gerdau deve se beneficiar da retomada do setor de construção e da alta dos preços de aços longos. A melhora gradual na demanda pelo principal produto da Gerdau já se reflete nos melhores dados de produção e vendas de aços longos ao longo do terceiro trimestre.

  • PETROBRAS (PETR4)

Mantemos a Petrobras em nossa Carteira Recomendada. A manutenção dos preços de petróleo em patamares baixos deve ser parcialmente compensada pelas medidas de preservação de caixa adotadas pela empresa. A Petrobras segue focada na geração de caixa, controle de custos e em seu plano de desinvestimentos de ativos não-core, com concentração no segmento de E&P, o que deve continuar a melhorar os indicadores de alavancagem.

  • BRADESCO (BBDC4)

Mantivemos Bradesco na carteira recomendada. O banco continua sendo um dos nossos nomes preferidos no setor, especialmente em um cenário de retomada da economia, póscovid. Continuamos confiantes na retomada dos números do banco após o 2T20. Acreditamos que o pior já tenha ficado para trás em termos de provisionamento de despesas, que era o principal detrator de lucro do banco neste ano de 2020.

  • BANCO DO BRASIL (BBAS3)

Mantivemos Banco do Brasil na carteira recomendada. Em nossa visão o banco encontra-se em um valuation bastante atrativo, sendo negociado ainda abaixo de seu valor patrimonial (0.7x de P/VPA vs. 1.2x dos grandes bancos). Além disso, vemos o Banco do Brasil como bem posicionado neste momento de pandemia. Sua carteira de crédito apresenta um perfil fortemente defensivo. Além de uma participação relevante no consignado e agronegócio (setor não afetado pelo covid-19), cerca de 65% da carteira total de crédito tem algum tipo de cobertura.

  • BRADESPAR (BRAP4)

Continuamos a gostar de Bradespar como uma alternativa para ter exposição à Vale. Estimamos que o valor de mercado atual da empresa represente um desconto de 14% em relação ao valor da sua participação na Vale.

  • VALE (VALE3)

Mantemos a Vale em nossa Carteira Recomendada. Acreditamos que a empresa vai continuar a gerar um fluxo de caixa atrativo e que deve beneficiar a remuneração aos acionistas através do pagamento de dividendos e de recompras de ações. No curto prazo, os preços fortes de minério de ferro devem ser positivos para os resultados e a empresa tem um plano definido para aumentar sua produção nos próximos anos com foco em rentabilidade.