Os dados de atividade divulgados na semana passada surpreenderam para ambos os lados. Enquanto os serviços vieram bem abaixo do esperado, puxados principalmente pelos serviços prestados às famílias, as vendas no varejo surpreenderam positivamente, com o crescimento bem difundido entre as categorias.

Assim, um número compensou o outro, devendo resultar numa atividade econômica com pequeno crescimento em fevereiro.

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O volume de serviços veio bem abaixo do esperado em fevereiro, recuando 0,2% no mês. Esse resultado surpreendeu a nós e o consenso de mercado, cujo crescimento projetado era de 1,0% e 0,7%, respectivamente.

Com esse resultado, os serviços avançaram 7,4% na variação interanual e estão 4,2% acima do período pré-crise, o que é significativo pois é equivalente a um crescimento médio de 2% ao ano.

Houve acomodação surpreendente no caso dos serviços prestados às famílias, que ficaram estáveis no mês (+0,1%), enquanto era esperada alta de 5,4%.

Apesar do pequeno peso do item nessa pesquisa, ele conta bastante para o cálculo do PIB e ainda se encontra 11,4% abaixo do nível pré-pandemia, em contraste com transportes que está 14,0% acima do respectivo nível naquele período.

Acreditamos que o desempenho mais forte do item transporte esteja em parte explicado pela antecipação da colheita e embarque da soja.

Serviços de informação e comunicação, por seu lado, recuaram pelo terceiro mês seguido, contraindo 1,2% em fevereiro (esperávamos alta de 1,2%).

As vendas no varejo surpreenderam positivamente. A pesquisa mensal do comércio revelou crescimento de 2,0% do volume de vendas do varejo ampliado, bem acima do esperado por nós e pelo consenso do mercado (-0,3% e 1,1%, respectivamente).

Isso significou um crescimento de 0,3% na variação interanual, se situando 2,4% acima do précrise. A notícia mais positiva do varejo veio talvez da difusão do crescimento, com oito das dez categorias apresentando crescimento na margem.

Tivemos surpresas positivas em todas as categorias, principalmente vendas de vestuário. Esse grupo cresceu 2,1% no mês, enquanto esperávamos recuo de mais de 5,0%.

Apesar da forte alta, o grupo ainda permanece 8,6% abaixo do período pré-pandemia. Outra surpresa positiva veio das vendas de veículos, que apresentaram crescimento expressivo de 5,2% em fevereiro, enquanto esperávamos estabilidade.

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Em suma, a surpresa positiva do varejo compensou a negativa dos serviços, devendo resultar num pequeno crescimento da atividade econômica no mês de fevereiro.

Esperamos pequena alta de 0,2% do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) no mês, não obstante a volatilidade dos indicadores.

Olhando à frente, a atividade deve permanecer com crescimento moderado ao longo do ano, com possível troca do consumo do varejo para serviços. Projetamos alta de 0,2% do PIB para 2022.