A escassez de chuvas ao longo dos últimos meses deve levar o sistema ao limite nesse ano. O nível dos reservatórios das hidrelétricas do sistema integrado nacional atingiu 43% nessa semana, patamar historicamente baixo.

No Sudeste e Centro-Oeste, os reservatórios estão em apenas 33% da capacidade, substancialmente abaixo da média histórica de 64% para o mês de maio. Considerando que estamos iniciando o período sazonal de seca, o nível dos reservatórios deverá diminuir ainda mais nos próximos meses.

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Esse ambiente desafiador exige o uso de usinas térmicas, inclusive as mais caras, cujo preço por MWh chega a ser 5 vezes maior do que a energia hidroelétrica no período de chuvas. Portanto, a bandeira tarifária vermelha 2 deverá ser acionada e a conta de luz ficará mais cara a partir de junho.

Há um pouco mais de margem de manobra hoje do que em 2001, que também foi um ano de falta de água em um momento em que a economia se recuperava rapidamente (o PIB cresceu 4% em 2000, após a desvalorização em 1999).

Hoje há maior oferta de energia térmica de gás, óleo e carvão, assim como de energia renovável de biomassa, eólica e solar, do que no passado. Essas novas fontes podem compensar em parte a menor produção de energia hidroelétrica.

Apesar das possibilidades de gestão da oferta, proporcionadas pelas alternativas de geração e pela expansão da rede de transmissão na última década, é prudente e provavelmente será necessário o governo conduzir uma campanha de conscientização do uso de energia, iniciativa que ajudou a reduzir o consumo na crise de 2001.

Portanto, o aumento do preço da energia elétrica pressionará a inflação dos próximos meses e prejudicará o poder de compra das famílias. Também será importante acompanhar atentamente a evolução dos reservatórios para analisar repercussões e riscos sobre a atividade econômica.

Elevamos projeção para o IPCA

Apesar da variação do IPCA-15 de maio mais fraca do que o esperado, levando em conta o risco energético, que deve pressionar os preços ao longo de todo este ano, e pressões nos produtos alimentícios, revisamos nossa projeção de inflação de 5,1% para 5,6% em 2021, acima do teto da meta do Banco Central. Para 2022, subimos a estimativa de 3,5% para 3,6%.