Como outros países, o Japão respondeu à pandemia com um estímulo fiscal, em parte monetizado pelo banco central, que aumentou seu balanço, comprando títulos no mercado secundário.

Ao contrário dos EUA, a expansão fiscal não se repetiu em 2021, o que contribuiu para que a demanda doméstica continue 3,5% abaixo do patamar anterior à pandemia.

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O consumo das famílias ainda está 4,7% abaixo do nível observado em terceiro trimestre de 2019 e o investimento privado não residencial ainda está 11,0% abaixo daquele que prevalecia antes da pandemia. O investimento residencial continua em queda e atingiu o menor patamar desde setembro de 2010.

As exportações têm sido um pouco mais fortes do que a demanda doméstica, amortecendo a queda do PIB, o qual se encontra a preços constantes 3,4% abaixo no patamar do final de 2019.

O baixo ritmo da atividade econômica se reflete na demanda por trabalho. O número de vagas em aberto em abril estava 11% abaixo do patamar do mesmo mês de 2019.

Por outro lado, o número de pessoas procurando trabalho subiu 14%. O pouco dinamismo desse mercado se refletiu em um aumento do salário médio nominal de apenas 1,3% nos últimos doze meses. Esse valor está abaixo dos 2,5% de variação da inflação acumulada no período.

O repasse do aumento dos preços internacionais das commodities tem sido pequeno, apesar da recente desvalorização do Iene.

Os preços ao produtor têm subido um pouco, mas sua transmissão aos preços ao consumidor continua muito fraca por conta da ociosidade na economia e da baixa confiança do consumidor.

O núcleo da inflação anual (excluindo alimentação in natura e energia) está em apenas 0,8%. O setor de serviços acumulou deflação de 0,3% nos últimos doze meses e as variações mensais continuam modestas.

japao.pngAs expectativas do consenso dos economistas são de a inflação voltar a 1,1% em 2023, abaixo da meta de 2,0%, salvo novos choques ao redor do mundo.

Dessa forma, o banco central japonês tem indicado de que não tem pressa em aumentar os juros, ou deixar a curva longa acompanhar a subida observada nas economias do Ocidente.

É provável, portanto, que em face da fraca demanda doméstica e da estabilidade das expectativas de médio e longo prazo, o BoJ mantenha por mais tempo a taxa de juros no atual patamar de -0,1% ao ano.