A produção industrial registrou mais um mês de contração em novembro de 2021. Com esse resultado, a indústria no Brasil registra a sexta queda consecutiva na margem. Em 2021, o indicador apresentou crescimento mensal apenas em janeiro e maio.

Espera-se queda para o varejo ampliado e estagnação do setor de serviços para o mesmo mês, resultados que também serão divulgados no começo do ano. No conjunto, salvo alguma surpresa de natureza metodológica na medição da atividade no setor público, vai-se confirmando a nossa expectativa de retração na atividade do último trimestre de 2021 em relação ao trimestre anterior.

A queda da produção industrial foi de 0,2% em novembro, abaixo da nossa projeção e da mediana do mercado (0,0 e +0,1%, respectivamente). Na comparação com novembro de 2020 registrou-se queda de 4,4%. Portanto, a indústria está 3,8% abaixo do período pré-crise.

A categoria que mais contribuiu para a surpresa negativa foi a de ‘Bens de Capital’, em que a produção caiu 3,0% na variação mensal, resultando em 4,9% de variação interanual (era esperada alta de 9,0%). O espaço de acomodação desse grupo ainda é significativo, visto que seu nível de atividade ainda está 18,6% acima daquele do pré-crise.

Os outros indicadores de atividade também não devem mostrar crescimento relevante em novembro. Em relação às vendas no varejo, esperamos contração de 1,1% na margem no conceito ampliado. Esse resultado deve contar com queda em quase todas as grandes categorias, mostrando a difusão da estagnação no setor.

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Já para o volume de serviços, esperamos variação praticamente nula (-0,1%) no mês. Agregando a atividade econômica de novembro, o IBC-Br deve mostrar a quinta queda consecutiva, contraindo 0,2% no mês.

Para dezembro, esperamos alguma recuperação da indústria, mas insuficiente para evitar a queda no trimestre como um todo. Os dados da Anfavea indicaram crescimento de 19% no mês da produção de veículos em dezembro, considerando a série com ajuste sazonal.

Os indicadores para dezembro já divulgados são poucos, mas eles sugerem de maneira preliminar um crescimento mês contra mês para indústria acima de 1%. Esse crescimento, contudo, não será suficiente para impedir que na medição trimestre contra trimestre da indústria contraia por volta de 0,5% no último trimestre de 2021.

Isso daria um carregamento estatístico de -0,9% da indústria para 2022, reduzindo as expectativas de crescimento para o setor no ano corrente.

O consumo deve continuar contraindo, em função dos efeitos defasados do ciclo de aumento da taxa Selic. O aumento dos juros também deve enfraquecer o investimento físico das empresas.

Por outro lado, alguns setores da indústria, como o automotivo, precisam recompor seus estoques, o que pode contrabalancear o impacto da queda da demanda doméstica sobre a produção nacional. Assim, projetamos variação praticamente nula para o PIB real de 2022.