O PIB chinês a preços constantes expandiu 1,3% no primeiro trimestre desse ano em relação ao quarto trimestre do ano passado, com ajuste sazonal.

Esse resultado veio acima da expectativa de consenso dos economistas, de 0,7%. A atividade foi beneficiada pelo setor de mineração, especialmente pela forte recuperação da produção de carvão.

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Outro destaque positivo foi a aceleração do investimento das empresas estatais. Esse arcabouço já foi utilizado em outros episódios no passado para ajudar a atividade econômica, como no início de 2016, mas pode não ter a mesma eficácia agora.

Apesar da expansão da atividade acima do esperado no trimestre passado, as vendas de varejo em valores nominais recuaram 3,5% em março desse ano em relação ao mesmo mês do ano passado. O varejo não apresenta expansão relevante desde meados do ano passado, o que sinaliza restrições no poder de compra das famílias.

Além disso, as vendas de imóveis recuaram 25% no primeiro trimestre desse ano em relação ao mesmo período do ano passado, o que deve afetar o fluxo de investimentos no setor mais para frente do ano.

O impacto dessa contração pode ser significativo, dado o peso da construção civil diretamente e de seu poder multiplicador, por demandar produtos de vários outros setores. Outro sinal do menor ritmo de expansão econômica é o arrefecimento das importações de minério de ferro nos últimos meses.

Apesar da acomodação no volume importado, o estoque da commodity continua em patamar elevado, o que sinaliza estabilização na utilização do produto. O momento desfavorável da atividade já começou a impactar o mercado de trabalho.

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A taxa de desemprego saltou de 5,1% em dezembro do ano passado para 5,8% no mês passado, o que prejudica o poder de compras das famílias e deve manter o consumo em ritmo modesto nos próximos meses.

O aumento de casos de Covid-19 e as medidas de isolamento social implementadas em grandes centros urbanos a partir de meados de março também estão prejudicando as condições de oferta e demanda, o que pesará sobre os indicadores econômicos do segundo trimestre, inclusive com repercussões na economia mundial.

Portanto, apesar do crescimento acima do esperado no primeiro trimestre, os desafios para a atividade econômica persistem e reiteramos nossa expectativa de que o PIB real apresentará expansão em torno de 4,7% nesse ano, abaixo da meta do governo de 5,5%.