A Oi concluiu seu leilão de rede móvel sem surpresas. Juntas, TIM, Vivo e Claro fizeram a única licitação pela operação, por R$ 16,5 bilhões (mais o equivalente a R$ 819 milhões em contrato de fornecimento de capacidade de transmissão).
O time de análise da Safra Corretora entende que o leilão foi um grande passo para a consolidação do mercado móvel. A conclusão do negócio ainda depende da aprovação do Cade e da Anatel, processo que pode levar até o final de 2021 para terminar.
Para nossos analistas Luis Azevedo e Silvio Dória, os órgãos não deverão exigir maiores restrições que possam prejudicar o acerto da operação.
Eles ressaltam que o leilão foi positivo para todas as empresas do setor, já que a saída de um grande concorrente deve contribuir para uma competição mais racional no setor. A Oi também se beneficiou ao avançar em seu plano de desalavancagem.
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Nosso time ainda prevê que, com mais receitas, as empresas devem apresentam maior alavancagem operacional, diluindo custos e melhorando um pouco suas margens operacionais. As empresas também devem conseguir otimizar a estrutura de capital, bem como colher algumas sinergias fiscais com o ágio pago pela expectativa de rentabilidade futura.
TIM é maior beneficiada
Nossos especialistas avaliam que a TIM (TIMS3) deve ser a empresa mais beneficiada pelo movimento, em consequência da relevância do segmento nos seus resultados – ela tem mais de 94% de sua receita no negócio de telefonia móvel, contra 65% da Vivo.
Ou seja, supondo que a Oi Móvel tenha cerca de R$ 7,2 bilhões em receitas por ano, a TIM deve agregar com a aquisição em torno R$ 2,9 bilhões em receitas (17% de sua receita líquida atual).
Já a Telefônica Brasil (VIVT3), dona da Vivo, considerando a adição de 10,5 milhões de clientes, pode acrescentar R$ 2,1 bilhões em receitas (5% de aumento sobre a receita total).
Além disso, a TIM receberá não apenas a maior participação na Oi Móvel em número de clientes, mas também em frequência, estreitando a distância de espectro para seus concorrentes.
TIM e Telefônica devem financiar a aquisição com emissão de dívidas, já que ambas as empresas têm alavancagem muito baixa, e com seu próprio fluxo de caixa. O time da Safra Corretora mantém assim a recomendação de compra para TIMS3, com preço-alvo de R$ 19,00, e para VIVT3, com preço-alvo de R$ 56,00.
Destaques do negócio
A Tim pagará R$ 7,8 bilhões, cerca de 45% do preço total pago, enquanto a Telefônica Brasil irá desembolsar R$ 5,7 bilhões, 33% do preço total, enquanto a Claro irá investir R$ 3,9 bilhões, 22%.
Nossos especialistas destacam que a divisão dos 36 milhões de clientes da Oi deve ser feita privilegiando a operadora com a menor participação de mercado em cada um dos 67 códigos de área.
A TIM deve ser a principal beneficiada, com 14,5 milhões de clientes (40% da base da Oi), seguida pela Claro, que deve ter 11,2 milhões (31%).
Quanto à divisão do espectro, ela deve respeitar o limite estabelecido pela Anatel. Portanto, a TIM ficará com 54% das frequências da Oi Móvel, aproximadamente 49 MHz, e a Vivo terá o resto. A Claro não receberá espectro, porque já possui a maior quantidade.
Sobre a divisão de infraestrutura, a TIM terá 7,2 mil sites de acesso móvel, correspondendo a 49% do total. A Vivo terá 2,7 mil e a Claro, 4,6 mil.