O IRB reportou resultados fracos no 1T20 e apresentou novamente os resultados de 2019, com um nível de rentabilidade mais baixo. Apesar do bom resultado com as receitas (principalmente da operação internacional), o menor resultado financeiro, maior índice de sinistros e impostos levaram a um lucro líquido total 92% menor na comparação com o 1T19, muito abaixo das estimativas da Safra Corretora.

Os analistas Luis Azevedo e Silvio Doria destacam que a Susep já havia divulgado números muito depreciados para o trimestre do IRB. A empresa informou que atualizou os números de 2018 e 2019 para baixo, ao identificar inconsistências nos dados das reservas técnicas. Além disso, o conselho está analisando a possibilidade de aumento de capital para atender aos requisitos legais da Susep.

Com o último balanço, o IRB apresentou um lucro líquido muito fraco, de R$ 14 milhões, ou lucro por ação de R$ 0,02, uma queda de 92% em 12 meses, com um retorno sobre patrimônio médio menor que 2%. Nesse contexto, nossos especialistas mantêm a avaliação sobre as ações da empresa sob revisão, a fim de compreender mais profundamente o novo nível de rentabilidade que a companhia poderá sustentar. Veja mais detalhes abaixo sobre o balanço do ressegurador.

No 1T20, o IRB registrou bons volumes de prêmios emitidos, de R$ 2 bilhões, um aumento de 13% em 12 meses, mas 9% abaixo da estimativa da Safra Corretora. Os prêmios locais ficaram mais fracos do que o esperado, chegando a R$ 880 milhões, queda de 8%, principalmente em prêmios mais baixos do segmento imobiliário. No entanto, esse resultado negativo foi compensado pelo sólido resultado do volume de prêmios internacionais, que aumentou 39%, para R$ 1,1 bilhão.

As despesas com prêmios retrocedidos atingiram R$ 287 milhões no trimestre, queda de 34% e também abaixo das nossas expectativas. Como dissemos em nossa última revisão de resultados, já esperávamos um declínio sequencial nas reservas técnicas, mas não nessa magnitude, representando 14,4% dos prêmios emitidos, o que é bastante positivo. Como consequência, o prêmio ganho atingiu R$ 1,5 bilhão, um aumento de 21%, mas abaixo da nossa expectativa.

Uma das principais surpresas negativas foram os sinistros retidos, que cresceram 20%, bem acima de nossos números, principalmente devido às perdas com IBNR (estimativa atuarial do montante de sinistros já ocorridos e ainda não avisados à companhia). A empresa informou que adotou uma abordagem conservadora para esse provisionamento em parte para evitar riscos relacionados à pandemia de Covid-19 no segmento de seguro de vida. É importante destacar que elas podem ser revertidas caso as perdas não se materializem.

Por outro lado, provisionamento com avisos de sinistros que a companhia recebeu no período aumentou apenas 6%. Desse modo, o índice de sinistralidade total caiu a 76,5%. Já os custos de aquisição aumentaram para R$ 268 milhões no trimestre, abaixo de nós.

Olhando a partir da nova base comparativa, os resultados de subscrição foram muito fracos, no valor de R$ 47 milhões, um aumento de 74%, mas de uma base comparativa baixa. As maiores despesas administrativas, as despesas com impostos e o menor resultado financeiro levaram o lucro antes dos impostos a um declínio de 66%. No 1T20, o índice combinado do IRB atingiu 104,6% do prêmio ganho.

O resultado financeiro e patrimonial atingiu R$ 121 milhões, queda de 42%, 14% abaixo da nossa estimativa. O resultado financeiro mais fraco, impactado pela variação cambial, foi compensado pelo resultado patrimonial (que passou de R$ 13 milhões para R$ 194 milhões devido à venda de ativos do portfólio de shoppings da empresa).

Revisão

Após a detecção de práticas contábeis irregulares pelo antigo conselho da empresa, foi necessário revisar todos os números apresentados em 2019 e anos anteriores. Segundo a empresa, as distorções foram corrigidas principalmente na contabilização de sinistros.

Cerca de R$ 1 bilhão foi reservado para a criação de uma reserva de suporte e expansão de negócios devido à insuficiência de liquidez regulatória, às necessidades de manter investimentos (tecnologia, novos projetos e possíveis aquisições) e ao apoio a pagamento de dividendos e programas de recompra.

O IRB também informou a decisão tomada na última reunião do conselho de um potencial aumento de capital como alternativa para atender aos requisitos legais da Susep. Para a reformulação de suas provisões técnicas, o IRB precisaria de R$ 2,1 bilhões. Além da capitalização, a companhia pretende cobrir essa provisão técnica com a venda de ativos, recursos de terceiros, melhorias no portfólio e medidas operacionais.