A disputa pelo controle da Linx teve um novo capítulo: a Totvs divulgou um extenso fato relevante para o mercado sobre a operação, apresentando as sinergias esperadas com a fusão e deixando em aberto a possibilidade de elevar a proposta financeira  A companhia também ampliou a validade da oferta – que se encerraria na próxima semana – para até 17 de novembro, quando acontecerá a assembleia de acionistas da Linx para avaliar a proposta da Stone. 

Em relatório, a equipe de análise da Safra Corretora aponta que as sinergias apresentadas pela Totvs são atrativas e que há valor na proposta. No entanto, a avaliação é de que a Stone permanece à frente. “Os eventos mais recentes nos levam a acreditar que a Stone está mais próxima de efetivar a transação”, escrevem os analistas Silvio Dória e Luis Azevedo.

Esta avaliação tem como fundamento os seguintes pontos: 

  • Participação na Linx: A Stone já começou a comprar ações da Linx diretamente no mercado. A participação está, atualmente, em 5,81% – a companhia pode aumentar essa fatia para até 25% sem a necessidade de apresentar uma oferta de aquisição. Para nossa equipe de análise, esse movimento pode se tratar de uma tentativa de a Stone exercer influência sobre uma eventual votação de acionistas da Linx, caso seja permitido pelo Cade.
     
  • Avaliação dos assessores: O comitê independente da Linx, que está avaliando a proposta, demonstrou apoio à oferta apresentada pela Stone. A análise financeira e legal, realizada pelos assessores da operação, levantou diversos pontos favoráveis à Stone em detrimento da Totvs. É importante notar, no entanto, que o documento apresentado pela Totvs ontem questiona muitas das avaliações apresentadas pelos assessores. Você pode conferir o material na íntegra aqui.
     
  • Pagamento: O método de pagamento é outra questão apontada como relevante. A oferta da Stone propõe que 89,2% da operação seja paga com desembolso em dinheiro. Em contrapartida, a oferta da Linx prevê que 81,5% do pagamento seja realizado por meio de ações, o que, na visão dos assessores financeiros da operação, pode prejudicar os acionistas da Linx em caso de desvalorização significativa no preço dos papéis da Totvs.

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  • Aprovação da SEC: A operação deve ser aprovada pelo regulador americano, a SEC. Neste ponto, a proposta da Stone está em um estágio mais avançado, uma vez que a companhia já possui a declaração do regulador de que a operação é "eficaz". A Totvs informou que apresentará os formulários exigidos nos próximos dias, com a expectativa de um aceno positivo do regulador americano entre novembro e dezembro.
     
  • Data marcada: A Stone tem a data agendada para que os acionistas da Linx votem a favor ou contra a proposta de fusão. A Totvs defende que sua proposta também seja avaliada no mesmo evento, mas até o momento este item não está em pauta, o que é visto como uma clara desvantagem para a Totvs.

No início de setembro, a Stone havia elevado a proposta pela Linx. Você pode reler a análise de nossos especialistas aqui.

Na visão do nosso time de análise, as ações da Linx (LINX3) devem ter uma reação positiva no curto prazo, em função desta disputa de ofertas entre as duas empresas. No entanto, a recomendação permanece em Neutra, com preço-alvo de R$ 28,00 por ação até o final deste ano.

Sinergia de R$ 3,2 bilhões

Segundo o material apresentado ontem, a proposta da Totvs prevê sinergias potenciais de R$ 3,2 bilhões com a combinação dos negócios com a Linx.

Em termos de receitas, as sinergias potenciais podem chegar a R$ 1,3 bilhão, principalmente por conta de oportunidades de cross-selling, uma vez que as duas empresas têm atuação em negócios similares, com produtos complementares.

As sinergias em termos de custos operacionais podem alcançar mais R$ 1 bilhão, resultado do uso compartilhado da infraestrutura de TI e redução de funções duplicadas. Soma-se a esses valores mais R$ 900 milhões em “goodwill”, termo do mercado de fusões e aquisições que designa benefícios provenientes de ativos intangíveis.