Para consolidar uma visão sobre as companhias de e-commerce, o time da Safra Corretora promoveu evento reunindo grandes nomes do setor.

Participaram executivos da Magazine Luiza (MGLU3), B2W Digital (BTOW3), Via Varejo (VVAR3), e Grupo SBF (CNTO3). O foco das discussões foram as perspectivas para 2021 e as mudanças estruturais de cada empresa.

O que esperar das ações de e-commerce em 2021?

Para os especialistas do Safra,  as vendas diretas devem ter um primeiro semestre forte, enquanto o marketplace deve esquentar no segundo semestre.

Os principais vetores de crescimento devem continuar sendo a expansão do número de compradores online e a diversificação de produtos, que devem mais que compensar a forte base de comparação nas divisões de eletrônicos e eletrodomésticos.

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Os estoques devem ser desafios, também aponta nossa equipe, por causa da alta do dólar e das interferências da pandemia sobre as cadeias de suprimentos.

Por isso, as companhias com mais exposição a vendas diretas e bons níveis de estoque devem ter vendas melhores no início do ano. Por outro lado, a diversificação permitida pelo modelo de marketplace será importante no segundo semestre.

De todo modo, a atual recomendação da Safra Corretora para VVAR3 (preço-alvo de R$ 27,00), MGLU3 (preço-alvo de R$ 32,00) e BTOW3 (preço-alvo de R$ 100,00) é de compra. Confira a seguir alguns dos destaques do evento selecionados pelos nossos analistas Guilherme Assis e Felipe Reboredo.

VVAR3 é ação preferida no e-commerce

A direção da Via Varejo, dona de Casas Bahia e Ponto Frio, se mostrou confiante quanto ao ganho de participação de mercado em 2021, em meio ao lançamento da sua nova plataforma de marketplace, que deve ocorrer ainda neste mês.

O time da Safra Corretora avalia que a plataforma é a principal iniciativa da varejista para garantir um crescimento acelerado nos próximos anos.

Apesar do fim do auxílio emergencial, a empresa está com forte posição de estoque e entende que há uma demanda reprimida pela falta de produtos em 2020.

A empresa pretende manter sua atuação em vendas diretas nas quais ela tenha forte poder de barganha com fornecedores, e também em segmentos que tenham sinergia com as lojas físicas. Já no marketplace, o ​​objetivo é aumentar a penetração de produtos de alta recorrência e frequência.

A administração afirmou que não queimará caixa para financiar suas operações de marketplace. A ideia é aumentar o nível de serviço para os vendedores por meio de anúncios, logística e serviços financeiros, mantendo a lucratividade.

Apesar do desafio de crescer em um mercado competitivo, nossa equipe acredita que a Via Varejo tem fortes vantagens competitivas, incluindo os mais de 80 milhões de clientes das Casas Bahia, bem como a força da marca.

Trata-se da companhia preferida pelos nossos analistas para investir no setor de e-commerce brasileiro.

MGLU3 é favorita para o longo prazo

Em 2020, a Magalu não só acelerou o crescimento, ganhando mercado sobre os concorrentes, mas também elevou seu nível de serviço. O crescimento da base de vendedores no marketplace, bem como o aumento no sortimento, levou a um aumento de 54% no número de itens por cliente do e-commerce.

Ao contrário de concorrentes, a direção da empresa apontou durante o evento do Safra que vai aumentar o modelo de logística de cross-docking por meio da Logbee,  entendendo que a aproximação de consumidores e vendedores é mais eficaz do que o modelo de fulfillment.

Embora nosso time goste das iniciativas da empresa, ele não vê nenhuma oportunidade de curto prazo, uma vez que ela já é negociada com prêmio em relação aos seus pares. Desse modo, as ações da Magalu são as preferidas para o investimento de mais longo prazo.

Cresce risco de BTOW3 queimar caixa

A direção da B2W, dona das marcas Submarino, Shoptime e Americanas.com,  apresentou no evento uma grande mudança na estratégia da empresa.

Após ficar atrás dos seus principais concorrentes em 2020, a B2W revisou seu posicionamento, ajustando sua proposta aos vendedores do marketplace para promover um crescimento mais acelerado.

O objetivo é acelerar o crescimento orgânico das vendas e ultrapassar os rivais MercadoLibre e Magalu.

Para nossa equipe, a mudança mais importante na estratégia está relacionada à estrutura de comissões aos vendedores. A B2W vai reduzir a cobrança proporcional por venda, oferecer frete grátis e introduzir uma taxa de frete fixa para os vendedores.

Também aumentaram os investimentos em estoques de venda direta, o que deve levar a uma queima de caixa maior neste 1º trimestre, em relação ao ano anterior.

Após a injeção de capital de R$ 4 bilhões em 2020, a B2W está claramente se afastando da estratégia de preservar o caixa e crescer por meio de aquisições, e está retornando a um posicionamento mais agressivo, segundo nosso time.

Até o momento, a aceleração das vendas tem sustentado o preço de BTOW3, mas há riscos crescentes de que a empresa não seja capaz de continuar melhorando o fluxo de caixa, como quando reduziu suas operações de venda direta em 2017. Desse modo, nosso time enxerga riscos crescentes de competição para a empresa cumprir o novo plano.