A Bolsa brasileira passa por um de seus anos mais atípicos, no qual cada trimestre narra uma história diferente. Enquanto o primeiro trimestre marcou a ascensão do novo coronavírus ao redor do mundo e levou o principal índice de ações do mercado brasileiro, o Ibovespa, a quedas que chegaram aos 45%, o segundo trimestre foi de firme recuperação, com ganhos de 30%, embalados por estímulos fiscais e monetários sem precedentes ao redor do mundo.

Já o terceiro trimestre, que se encerra hoje, apresentou elevada volatilidade. Após altas e quedas mais pronunciadas, o índice encerrou o período na estabilidade. Traduzindo em números, o Ibovespa sustentou uma pontuação acima da barreira psicológica dos 100.000 pontos durante mais de um mês, mas terminou o período aos 94.603 pontos, uma queda de 0,48% no acumulado de julho a setembro.

 
 

Apesar de também influenciado por fatores internos, como a preocupação em relação à situação fiscal, esse comportamento do mercado não foi uma exclusividade brasileira. Na Europa, o índice Stoxx Europe 600, que reúne um universo de 600 empresas europeias, conta uma história muito semelhante. Após a forte queda no primeiro trimestre e a recuperação no trimestre seguinte, ele também encerrou o terceiro trimestre próximo da estabilidade, com leve alta de 0,21%.

Nos EUA, o desempenho foi superior, impulsionado pela forte alta das empresas de tecnologia e a possibilidade de novos estímulos econômicos, mas ainda assim, o ímpeto da alta perdeu força sobre o trimestre anterior, com ganhos de 8,47% — no segundo trimestre, a alta havia sido de 19,95%.

Pandemia segue no radar

A principal explicação para o movimento “de lado”, como é chamado o período em que a pontuação da Bolsa permanece próxima da estabilidade, foi a falta de gatilhos para que os mercados mantivessem uma trajetória de ganhos.

Isso apesar de o cenário econômico oferecer sinais positivos. Nosso time de Macroeconomia reforçou, em meados de setembro, que os números de vendas no varejo e produção industrial seguem em rápida recuperação após o choque dos primeiros meses da pandemia. No setor de serviços, embora o ritmo de retomada não tenha acompanhado a indústria e o varejo, a perspectiva é de retomada gradual. Você pode relembrar essa análise aqui.

No entanto, as incertezas em relação à evolução do novo coronavírus ao redor do mundo seguem predominando e adicionam um tom de cautela. Neste terceiro trimestre, a possibilidade de uma segunda onda de contaminações ganhou força principalmente na Europa e nos EUA.

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Soma-se a este cenário uma limitação de governos e bancos centrais a continuarem elaborando novas medidas de estímulos, após os programas sem precedentes que já foram anunciados ao longo do segundo trimestre.

O controle da pandemia e a retomada das economias ao redor do mundo permanecem no centro do radar e devem dar o tom dos próximos meses. O último trimestre do ano, no entanto, pode reservar boas notícias, uma vez que se esperam anúncios importantes sobre o desenvolvimento de vacinas.

Atualmente, quase 10 vacinas estão em fase final de testes clínicos. Diversos governos ao redor do mundo, inclusive o do estado de São Paulo, têm como expectativa começar a aplicar as primeiras doses ainda neste ano. Você pode acompanhar o desenvolvimento das vacinas aqui.

Bolsa aos 112 mil pontos

Em meio a este cenário de recuperação das economias, e ainda considerando que o Ibovespa acumula queda próxima a 20% neste ano, a equipe de análise da nossa Corretora segue com a perspectiva de retomada nos preços.

A projeção para o Ibovespa é de 112.000 pontos no final deste ano. Essa pontuação representa um potencial de alta de 18,4% sobre o fechamento do terceiro trimestre. Este cenário está condicionado tanto aos novos desdobramentos relacionados ao controle da pandemia quanto ao respeito ao teto de gastos e, consequentemente, da sustentabilidade das contas públicas.

Em uma visão de médio prazo, também espera-se uma retomada. Ao aplicar em Bolsa, é sempre importante se lembrar de que este é um investimento em empresas — no caso do Ibovespa, são algumas das maiores companhias do país, em geral mais resilientes do que o restante da economia contra crises.

Neste sentido, a perspectiva é de retomada dos lucros nos próximos anos. O time de análise da Safra Corretora lembra que o lucro por ação das empresas que compõem o Ibovespa foi de R$ 7.045 no ano passado e deve recuar para R$ 4.864 neste ano por conta dos efeitos da pandemia, mas, a partir do próximo ano, o indicador deve retomar o crescimento, com um lucro por ação de R$ 7.510 em 2021. Para 2022, o consenso de mercado da Bloomberg projeta um lucro por ação do Ibovespa de R$ 9.680.

No segundo trimestre, os resultados das empresas, embora tenham sentido os impactos da crise, surpreenderam positivamente os analistas.

Diferentes níveis de exposição

Em nossos relatórios de alocação, como o Safra Report, destacamos a importância da renda variável para a maioria dos perfis de investidores, dos conservadores aos dinâmicos. Esta visão é amparada no cenário de juros baixos, que devem permanecer no patamar de 2% ao ano até pelo menos o final do próximo ano, segundo projeta nossa equipe de Macroeconomia.

A exposição de cada investidor à renda variável deve ser ajustada pelo seu perfil de risco. Há, também, diversos modos de se expor ao mercado acionário. Sempre lembramos, também, da importância da gestão ativa nos investimentos, de modo a buscar ganhos maiores nos bons momentos e preservar o capital nos cenários mais desafiadores.

Para investir em renda variável, existem as carteiras recomendadas elaboradas pela equipe de análise da Safra Corretora, fundos de ações da nossa Asset para diferentes níveis de risco, fundos multimercados com exposição em renda variável local e internacional, COEs com cenários que protegem os investidores contra oscilações negativas, entre outros.