A forte recuperação de alguns setores na reta final do segundo trimestre, período mais afetado pela crise do coronavírus, sugere uma perspectiva positiva para o terceiro trimestre. Na avaliação da área de Macroeconomia do Safra, os indicadores recentes atribuem leve viés de alta à projeção do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, atualmente em queda de 5,5%.

Os especialistas do Safra lembram que, após os dados divulgados na última semana, as informações para projetar o tamanho da contração da atividade no segundo trimestre estão quase completas. Os modelos atuais do banco sugerem queda de 10,5% do PIB no período.

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Os indicadores de junho da indústria e do varejo, além do início da retomada no setor de serviços, superaram as expectativas. E o mesmo pode acontecer em julho. Os dados mais recentes mostram crescimento adicional no mês passado, segundo os analistas, o que pode fazer o crescimento no período surpreender o mercado.

Mesmo assim, a equipe de Macroeconomia do Safra lembra que o nível de incerteza ainda permanece elevado, principalmente em relação ao mercado de trabalho e à velocidade de recuperação do setor de serviços, que representa mais da metade do que é produzido no País.

Cenário fiscal traz riscos elevados

Após a divulgação da ata do Banco Central, na última semana, o Safra aponta que a instituição deve manter sua política em campo estimulativo por um “longo período”. O cenário fiscal, no entanto, deve permanecer com os riscos elevados ao longo dos próximos meses, “sugerindo prudência adicional com respeito a futuros cortes da taxa de juros”.

Nesse cenário, a equipe mantém a previsão de que a taxa Selic fique estável em 2% ao ano até o final de 2021. Ainda que a ata tenha reforçado as incertezas sobre a recuperação econômica e o setor de serviços, o que poderia sugerir novos cortes de juros, o documento aponta um possível limite mínimo efetivo para a taxa básica. 

O Safra destaca que a fraqueza do mercado de trabalho ainda deve manter a inflação contida. No entanto, a pressão altista na inflação de curto prazo observada nas últimas semanas, principalmente no grupo de alimentação, além do reajuste na gasolina e no diesel, colocaram as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto e setembro, atualmente em 0,10% e 0,13%, sob revisão e “com significativo viés de alta”, o que deve elevar a projeção do ano.

Os analistas ainda apontam que a ata trouxe uma inovação, com o anúncio de que o Comitê de Política Monetária (Copom) considerou a utilização de uma “prescrição futura”, também conhecida como “forward guidance”, como um instrumento de política monetária adicional. A ferramenta já é usada por outros bancos centrais como uma indicação da intenção da autoridade monetária sobre a taxa de juro para o médio prazo.