A semana começou com as expectativas em torno do lançamento do programa Renda Brasil, mas os investidores acabaram surpreendidos por outro tema: o lançamento de uma proposta de reforma administrativa.

O tema acabou sendo destaque em uma semana que também foi marcada pela entrega da proposta do Orçamento de 2021, por uma queda recorde do PIB no segundo trimestre e uma correção no mercado americano de ações, após sucessivos recordes.

Com esses assuntos no radar, o principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, encerrou o acumulado da semana em queda de 0,88%, aos 101.242 pontos. Já o dólar comercial fechou em baixa de 1,95%, aos R$ 5,31.

Selecionamos, abaixo, os principais temas da semana. Confira: 

Orçamento 2021

A semana começou com a entrega da proposta de Orçamento para 2021 ao Congresso, na segunda-feira. O texto prevê despesas de R$ 1,5 trilhão para o próximo ano, sendo 93,7% delas classificadas como despesas obrigatórias, e 6,3% como discricionárias, nas quais há mais flexibilidade na alocação dos recursos. Esse último montante representa R$ 96 bilhões.

O texto prevê a manutenção do teto de gastos, mas ainda não considera, por exemplo, o Renda Brasil, iniciativa que deve redesenhar programas sociais do governo, entre eles o Bolsa Família. O tema pode ser incluído ao longo da tramitação no Congresso, que deve se estender ao longo do segundo semestre.

Destaque também para as projeções em relação às contas públicas. O Orçamento prevê déficit primário no setor público consolidado, o que considera União, Estados, municípios e estatais, de R$ 237,3 bilhões. A projeção de resultados negativos segue até 2023. De acordo com o Ministério da Economia, no entanto, a expectativa é de déficits cadentes ao longo dos anos.

A entrega do Orçamento ocorreu no mesmo dia em que o Banco Central revelou um déficit de 86,9 bilhões nas contas do setor público em junho. A dívida bruta avançou para 86,5% do PIB, e, segundo nosso time de Macroeconomia, deve encerrar o ano em 94,6% do PIB.

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PIB histórico

Na manhã de terça-feira, o IBGE divulgou a maior queda do PIB em um trimestre desde o início da série histórica, em 1996: retração de 9,7% na comparação com os três primeiros meses do ano. Nosso time de Macroeconomia projetava uma queda menor, de 8,7%.

Ainda assim, os detalhes dos números revelaram dados positivos, reforçando o cenário de recuperação para o terceiro trimestre. Algumas categorias que traziam mais preocupações, por exemplo, como “Outros serviços”, caíram menos que o esperado.

Os indicadores recentes de atividade econômica também corroboram a tese de recuperação, como o surpreendente dado de produção industrial, divulgado na quinta-feira. Você pode conferir a análise completa de PIB aqui. 

Reforma administrativa

No mesmo dia em que o PIB foi divulgado, o governo surpreendeu ao revelar, em uma cerimônia que contou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao lado do Presidente da República e de lideranças do Congresso, que entregaria a proposta de uma reforma administrativa ainda esta semana, válida apenas para novos funcionários. O tema é relevante, dado que os gastos com pessoal e encargos sociais representam R$ 337,34 bilhões no Orçamento de 2021, um dos maiores desembolsos do governo.

A reforma foi entregue na quinta-feira, na forma de uma proposta de emenda à constituição, propondo alterações como redução da estabilidade para cargos públicos, fim da progressão automática de carreira, alteração no modo de contratação, um período de experiência para novos funcionários, mais flexibilidade para extinção de órgãos do governo, entre outros.

Não foi apresentada, no entanto, uma estimativa de impacto fiscal. A proposta é dividida em etapas, sendo que após as discussões que começarão a ocorrer no Congresso, ainda são necessárias regulamentações específicas.

Auxílio emergencial e Renda Brasil

Um dos temas aguardados na semana era o auxílio emergencial. Havia grande expectativa pela extensão do programa até o final do ano, mas haviam incertezas quanto ao valor. Na segunda-feira, o governo confirmou a ampliação do benefício até o final do ano, mas agora com o valor reduzido à metade, para R$ 300.

Outro tema no radar era o lançamento do programa Renda Brasil. Esperado para esta semana, foi adiado novamente. O governo declarou, no início da semana, que a extensão do auxílio emergencial ofereceria mais tempo para estudar o programa.

Bolsas nos EUA

Destaque também para o mercado acionário americano. O principal índice de ações locais, o S&P 500, encerrou a semana em baixa de 2,3%. Isso depois de o índice recuar 3,5% no pregão de quinta-feira, a maior queda em um dia desde o início de junho.

Esse movimento ocorre depois de sucessivos recordes históricos de pontuação.O índice registrou o melhor mês de agosto em mais de 30 anos, com ganhos de 7%. E, no acumulado de 2020, avança 6%, mesmo com todos os efeitos da pandemia.

O movimento de correção desta semana foi liderado pelas ações de empresas de tecnologia, as mesmas que ao longo do ano surpreenderam com valorizações expressivas. As ações da Apple, por exemplo, recuaram 6% na semana. No ano, no entanto, elas acumulam ganhos de aproximadamente 65%.

Onde investir

Ao longo da semana, publicamos uma série de materiais para auxiliar nas decisões de investimentos.

O Safra Report de setembro apresenta uma visão atualizada sobre a economia e os investimentos, e traz uma visão geral sobre as alocações nas carteiras de quatro perfis de investidores, para todos os níveis de risco.

Na parcela de renda variável, apresentamos as carteiras recomendadas de ações do mês. Divulgamos duas carteiras nesta semana: uma carteira geral de ações, e outra carteira específica para a estratégia de dividendos, que é de perfil mais defensivo.