As últimas sessões foram marcadas pelo agravamento das preocupações com os aumentos de juros ao redor do mundo.

Na semana, tanto o Ibovespa, quanto o S&P 500 caíram cerca de 5,1%. O dólar subiu 4,4% no período, cotado a R$ 4,99.

O apetite a risco foi atingido principalmente pela divulgação de dados bastante desfavoráveis sobre a inflação nos Estados Unidos.

Apesar das estimativas de que os índices de preços poderiam já ter atingido um pico por lá, o CPI surpreendeu ao acelerar em maio.

Com o avanço inesperado de 1% na margem, a inflação americana chegou a 8,6% em 12 meses, o maior nível em 40 anos. O comportamento negativo se estendeu ao núcleo do índice, que exclui itens mais voláteis.

O resultado fez as taxas do Tesouro americano saltarem, o dólar subir contra as principais moedas e as bolsas recuarem.

Tudo isso em razão da perspectiva de que o Fed precisará tomar medidas duras para conter a inflação no país – as curvas de juros nos Estados Unidos passaram a refletir três altas seguidas de 0,5 ponto percentual na taxa básica.

Além de pressionar muitos ativos de renda variável, o ciclo de aperto monetário mais forte também causa receios ao elevar os riscos de recessão na maior economia do mundo.

A cautela ainda foi amplificada pela sinalização de que o Banco Central Europeu está próximo de iniciar os seus aumentos de juros.

A autoridade confirmou que irá concluir no mês que vem o seu programa de compra de ativos, que tem injetado liquidez na Zona do Euro desde 2015, e informou que pretende aumentar os juros de referência em 0,25 ponto percentual na reunião de julho.

Também foi sinalizado um novo aumento em setembro, que poderá ser ainda mais intenso, caso as perspectivas para a inflação na região não melhorem.

Inflação no Brasil

Internamente, a repercussão sobre os novos dados de inflação foi menos negativa. O IPCA ficou em 0,47% em maio, acumulando 11,73% em 12 meses.

A principal surpresa em relação à estimativa do Safra foi a grande desaceleração do grupo de alimentos.

Vale ressaltar ainda a moderação nos preços de combustíveis, após os fortes reajustes das refinarias realizados em março, mas que também foram repassados para os consumidores em abril.

Quanto ao mercado de trabalho, o Brasil criou 197 mil novos empregos formais, segundo os dados do Caged referentes ao mês de abril.

O resultado veio em linha com a estimativa do Safra, e melhor do que a mediana das projeções de mercado, mostrando uma continuidade na forte geração de postos com carteira assinada no país.

Por outro lado, o mercado tem acompanhado com cautela as propostas em Brasília para conter os preços dos combustíveis.

As medidas podem reduzir a pressão inflacionária de curto prazo, mas representam uma diminuição de receitas, sem contrapartida pelo lado das despesas.