As eleições americanas e o desenvolvimento de vacinas foram os dois grandes temas da semana, direcionando o comportamento dos mercados não apenas no Brasil, mas nos principais centros financeiros ao redor do mundo.

O Ibovespa, o principal índice de ações da Bolsa, acumulou nesta semana alta de 3,8%, encerrando a sexta-feira aos 104.723 pontos. Já o dólar seguiu a trajetória de alta frente ao real, com valorização de 1,51%, aos R$ 5,47.

O movimento da Bolsa é uma continuação do bom desempenho que vimos na semana passada. No acumulado do mês, os ganhos de novembro totalizam 11,5%.

Esse comportamento é parecido também com o observado em mercados na Europa em novembro, onde o índice Eurostoxx 600 acumula alta de 12,5%, e com o registrado nos Estados Unidos, que registra avanço de 9,6% em seu principal índice, o S&P 500. O índice americano encerrou a semana em sua máxima histórica.

Relembramos, abaixo, os principais assuntos da semana.

Eleições americanas

As eleições para presidente nos Estados Unidos aconteceram em 3 de novembro, mas os resultados só foram divulgados no último final de semana, com a vitória do democrata Joe Biden. A posse está marcada para 20 de janeiro.

O presidente Donald Trump não reconheceu os resultados, que são divulgados a partir de projeções na imprensa, e iniciou uma série de ações na Justiça para tentar impedir a apuração completa do resultado — que ainda não foi concluída. No entanto, até o momento, sem sucesso, e especialistas na imprensa americana visualizam pouca chance de reversão.

Mais do que apenas a eleição presidencial, os investidores aguardavam para avaliar a composição do Congresso. A divisão de poder entre os partidos tem sido avaliado como o melhor cenário — e este é o provável resultado das eleições.

Enquanto os democratas conseguiram assegurar o controle da Câmara, os republicanos estão em vantagem para manter o controle do Senado. A definição acontecerá apenas em janeiro, quando haverá um segundo turno na Geórgia, mas os democratas precisam vencer as duas vagas que estão em disputa para reverter esse cenário.

Vacina contra a Covid-19

O primeiro dia de negociações nos mercados após os resultados eleitorais também foi impulsionado por uma notícia inesperada: a americana Pfizer e a alemã BioNTech anunciaram uma eficiência de mais de 90% em sua vacina, segundo dados preliminares. Até o momento, essa foi reconhecida como a notícia mais importante na corrida pelas vacinas.

Uma análise completa dos dados ainda será conduzida para divulgar os resultados finais. A Pfizer planeja pedir uma autorização emergencial ao governo americano ainda neste mês, projetando imunizar de 15 a 20 milhões de pessoas ainda neste ano.

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Atualmente, há outras 11 vacinas em estágios finais de testes. Espera-se, por exemplo, resultados preliminares da vacina da Moderna também para este mês.

Nossos especialistas têm reafirmado que a recuperação econômica somente ocorrerá de modo sustentável após o desenvolvimento e a distribuição ampla de uma vacina.

Otimismo cauteloso

A semana não foi apenas de otimismo. Na quinta-feira, um fórum com a presença de presidentes de bancos centrais mostrou que é preciso ter um otimismo cauteloso. Christine Lagarde, do Banco Central Europeu, e Jerome Powell, do Federal Reserve, foram as principais vozes neste sentido.

Powell, representando o banco central americano, afirmou que ainda é cedo para avaliar como a notícia envolvendo a vacina da Pfizer pode impactar a trajetória da economia, e lembrou que os próximos meses podem ser desafiadores.

Já Lagarde acrescentou que há incertezas quanto à logística, distribuição e fabricação, por exemplo. Durante a semana, ela também voltou a dar sinais de que o Banco Central Europeu pode anunciar novos estímulos para combater os efeitos da crise na reunião agendada para o próximo mês.

Ainda no tom de cautela, durante a semana os números de novos casos de Covid-19 continuaram a avançar na Europa e nos Estados Unidos, onde foram registrados diversos recordes diários de contaminações, gerando receios de novas medidas restritivas.

Onde investir em novembro

No início da semana, publicamos o nosso relatório mensal de investimentos, o Safra Report. Nele, reforçamos que a volatilidade é uma característica deste ano, e que ela deve permanecer enquanto a vacina e as imunizações não aconteçam de modo amplo.

Nesse cenário, continuamos lembrando da importância de uma carteira diversificada de investimentos. Para novembro, fizemos ajustes marginais nas alocações dos quatro perfis que acompanhamos — ultraconservadores, conservadores, moderados e dinâmicos —, com um leve incremento nas posições de rena fixa. Leia o relatório completo aqui.

Durante a semana, publicamos também um e-book especial sobre renda fixa. Este é o segundo material da série “Primeiros Passos”, que traz explicações e dicas de um modo simples para quem está começando a investir.

Situação fiscal

No Brasil, com o foco do cenário político nas eleições municipais, que acontecem neste final de semana, alguns dos principais temas no radar dos investidores seguem sem grandes evoluções. Entre as questões pendentes, que permanecem como pano de fundo, estão assuntos como uma decisão quanto aos programas de transferência de renda e o Orçamento para 2021.

Ainda assim, algumas falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, estiveram em destaque no noticiário.

Na terça-feira, Guedes comentou que a agenda de privatizações deve avançar no próximo ano, com quatro estatais no radar, entre elas a Eletrobras e os Correios. Ele ainda voltou a defender o retorno aos programas de ajuste fiscal e da agenda de reformas. As falas seguem em linha com as expectativas do mercado, mas o reforço do compromisso fiscal foi bem recebido pelos investidores.

No entanto, ele também lembrou que, caso aconteça uma segunda onda de Covid-19 no Brasil, o auxílio emergencial será ampliado. Este, no entanto, não é o cenário-base, e posteriormente ele complementou que essa extensão somente ocorrerá se houver viabilidade fiscal.

Recuperação econômica

A semana ainda foi marcada por indicadores importantes da economia para setembro, encerrando as principais leituras para avaliar a atividade do terceiro trimestre.

Depois da boa notícia em relação à indústria na semana anterior, desta vez foi a vez de conhecermos os números dos setores de serviços e do varejo.

Os dois setores reforçaram a perspectiva de continuidade na recuperação econômica em setembro na comparação com agosto, apesar das vendas no varejo frustrarem as expectativas.

O IBC-Br, indicador de atividade do Banco Central conhecido no mercado como “prévia do PIB” e divulgado nesta sexta-feira, também reforça esse cenário: crescimento de 1,3% ante agosto, contra uma projeção do nosso time de Macroeconomia por uma alta de 0,4%.

Tech Thursday

Durante a semana, lançamos um novo programa no YouTube do Safra: o “Tech Thursday”. Toda quinta-feira, traremos um convidado para falar sobre tecnologia, inovação e empreendedorismo.

O primeiro convidado foi Renato Velloso, CEO do Dr. Consulta. Você pode rever a transmissão na íntegra abaixo: