O Ibovespa terminou uma semana no vermelho pela terceira vez seguida. O principal índice de ações do país terminou os negócios desta sexta-feira, 6, pouco abaixo ds 98 mil pontos e registrou queda semanal de 5,9%. O Ibovespa não ficava abaixo da marca psicológica de 100 mil pontos desde o início de outubro de 2019.

O cenário foi negativo também nos Estados Unidos. O S&P 500, índice com as principais ações americanas, acabou a semana com recuo de 0,6%.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou a sexta-feira cotado a R$ 4,63, maior valor da história, sem considerar a inflação. Na semana, a moeda americana subiu 3,4%. O euro, por sua vez, subiu 6%. Relembre a seguir os eventos que contribuíram para esses resultados.

Avanço do coronavírus

Após dias seguidos de prejuízos causados pelo avanço do coronavírus pelo mundo, a semana começou em tom positivo. Autoridades das principais economias do planeta anunciaram que iriam dar suporte aos mercados, o que levou os índices a fechar em alta na segunda-feira.

O mesmo dia, entretanto, trouxe indícios de que a semana não seria fácil. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou para baixo o crescimento global em 2020 por conta dos impactos do coronavírus. A entidade, que previa alta de 2,9%, passou a projetar expansão de 2,4%.

Apesar do esforço coordenado dos BCs, a doença continuou a provocar perdas nos mercados de ações, já que nesse ambiente de incerteza predomina a venda de ativos mais arriscados. A busca por refúgio também prejudica títulos e moedas de países emergentes.

Na sexta-feira, a Universidade Johns Hopkins informou que o número de casos em todo o mundo já passava de 100 mil. Desse total, cerca de 80% foram registrados na China, segundo a universidade americana.

Fed faz corte de emergência

Em movimento raro, o Federal Reserve (banco central americano) convocou uma reunião extraordinária na terça-feira para cortar a taxa básica de juros nos Estados Unidos em 0,5 ponto porcentual.

A autoridade monetária destacou que o coronavírus traz riscos à atividade econômica e sugeriu que novos cortes poderão ocorrer. A equipe de macroeconomia do Safra espera agora que os dirigentes do Fed reduzam a taxa em mais 0,25 ponto na reunião de março.

Banco Central tenta acalmar mercados

Pouco depois da decisão do Fed, o Banco Central do Brasil divulgou nota assinalando que estava acompanhando os efeitos do surto de coronavírus sobre a economia.

Na interpretação de nosso time, o BC decidiu comunicar uma alteração no rumo da política monetária, frente aos novos eventos, depois de ter sinalizado que interromperia o ciclo de queda no comunicado após a última reunião.

Além de acenar sobre a política monetária, a atuação do BC no mercado de câmbio também chamou atenção durante a semana. Só na quinta-feira, a equipe de Campos Neto injetou US$ 3 bilhões no mercado brasileiro XXX. A medida, entretanto, não foi suficiente para evitar que a moeda terminasse pela primeira vez um pregão acima dos R$ 4,60.

PIB mostra investimentos fracos

O mercado doméstico não foi pressionado apenas pelo exterior na semana passada. Na quarta-feira, foram revelados os números do PIB no quarto trimestre de 2019.

O crescimento no ano foi de 1,1%, resultado em linha com as expectativas do mercado. A composição do PIB, no entanto, decepcionou. Os números divulgados pelo IBGE mostraram que os investimentos no país sofreram contração de 3,3% em relação ao trimestre anterior.

Os dados do PIB e os impactos do coronavírus levaram nosso time de economistas a reduzir a projeção do PIB de 2020 de 1,9% para 1,6%.