A agenda desta semana já começa marcada por um indicativo de forte desaceleração econômica. A Anfavea informou nesta segunda-feira que a produção de veículos no país recuou 21,1% em março, na comparação com o mesmo mês de 2019.
Com o ajuste sazonal calculado pela equipe de Macroeconomia do Safra, a queda correspondeu a uma forte contração de 29,7% em relação ao mês de fevereiro de 2020. Com base nessa informação, os modelos preliminares de nosso time de Macroeconomia para a produção industrial estão sinalizando forte queda de 8,9% entre fevereiro e março (sempre considerando os dados dessazonalizados). Para finalizar a projeção de produção industrial com mais precisão, no entanto, ainda precisam ser analisados dados de fluxo de veículos pesados e de expedição de papel ondulado.
Selecionamos, abaixo, outros eventos de destaque desta semana.
Emprego nos EUA
O dado semanal de novos pedidos de seguro-desemprego será acompanhado de perto pelos investidores na quinta-feira. Já são duas semanas consecutivas de recordes negativos, que somam quase 10 milhões de novos pedidos.
Reunião da Opep
Também no exterior, o mercado monitora a reunião entre a Opep e aliados sobre possíveis cortes na produção de petróleo. O debate aconteceria nesta segunda-feira, mas foi remarcado para quinta-feira, dia 9. A disputa por mercado entre Arábia Saudita e Rússia vem inundando a oferta da commodity, prejudicando os preços do barril de petróleo.
Inflação
Na quinta-feira, o IBGE revela o resultado da inflação marcada pelo IPCA em março. Nossa equipe de Macroeconomia projeta ligeira alta de 0,08% na comparação mensal, uma desaceleração em relação ao avanço de 0,25% em fevereiro.
Esse resultado colocaria a inflação nos últimos 12 meses em 3,31%. A projeção do Safra para a inflação no ano é de 2,2%, abaixo do piso da meta do Banco Central.
Segundo dados divulgados pela FGV nesta segunda-feira, o IGP-DI avançou 1,64% em março, acima do esperado pelo mercado (+1,28%). O resultado representou uma aceleração frente à alta de 0,01% registrada em fevereiro, refletindo especialmente o índice de preços ao produtor (IPA), que passou de -0,03% para +2,33%.
Já o índice de preços ao consumidor (IPC) acelerou de -0,03% em fevereiro para +0,34% em março. Por sua vez, o INCC, índice nacional de custo da construção, desacelerou para +0,26%, ante +0,33% no mês anterior.
Com esse resultado, o IGP-DI acumula alta de 1,75% no ano, enquanto a variação acumulada em doze meses é de 7,01% (vindo de 6,40% em fevereiro).
Varejo
Na terça-feira, o IBGE divulga a Pesquisa Mensal de Comércio. Para o nosso time de Macroeconomia, as vendas no varejo ampliado (que inclui automóveis e materiais de construção) devem ter aumentado 0,6% em fevereiro ante o mês anterior. A previsão do mercado é de recuo de 0,4%.
Para o varejo restrito, a previsão do nosso time de Macroeconomia é de contração de 0,2%, contra projeção do mercado de queda 0,5%.
Relatório Focus
A pesquisa Focus, divulgada semanalmente pelo Banco Central, trouxe alterações significativas em relação à semana anterior. As perspectivas para o PIB apontam forte redução na projeção de 2020, de -0,48% para -1,18%. Para 2021 e 2022, as projeções mantiveram-se em 2,50%.
Já as expectativas para o IPCA ao final de 2020 e 2021 caíram de 2,94% para 2,72% e de 3,57% para 3,50%, respectivamente. No caso de 2021, foi a quarta vez que a mediana das expectativas ficou abaixo do centro da meta de inflação para aquele ano, em 3,75%. Para 2022 e 2023, as projeções mantiveram-se em 3,50%.
Na mesma direção, a expectativa para a taxa de juros ao final de 2020 caiu de 3,50% para 3,25%, chegando agora ao mesmo patamar projetado pelo nosso time de Macroeconomia. Para 2021, a estimativa caiu de 5,00% para 4,75%.
Por fim, a estimativa para o dólar ao final de 2020 permaneceu em R$ 4,50, enquanto para o final de 2021 passou de R$ 4,30 para R$ 4,40 e para 2022 foi elevada de R$ 4,24 para R$ 4,30.