Quando questionado sobre qual era a maior dificuldade macroeconômica da pandemia, o secretário de política econômica, Adolfo Sachsida, respondeu em live promovida pelo Safra que era ampliar o acesso a recursos de micro e pequenas empresas.

Em meio a esse cenário, convidamos o diretor de crédito do BNDES, Petrônio Cançado, para conversar com a nossa economista Priscila Deliberalli sobre as iniciativas da instituição.

Além de recapitular as medidas que já foram anunciadas e que estão sendo implementadas, ele comentou sobre outras que estão sendo elaboradas e devem ser divulgadas em breve, como uma medida provisória para um programa de garantia ao crédito concedido pelos bancos.

Confira, abaixo, os principais trechos que foram abordados na live.

O que já foi anunciado

Cançado relembrou as medidas que já foram anunciadas pelo BNDES desde o início da pandemia. Entre elas, estão iniciativas como:

  • adiamento do pagamento de juros e principal por seis meses para grandes empresas (volume potencial: R$ 30 bilhões):
  • linha de repasse de capital de giro destinada a micro, pequenas e médias empresas (volume potencial: R$ 5 bilhões)
  • empréstimo emergencial para o setor da saúde (volume potencial: R$ 2 bilhões)
  • crédito para folha de pagamento (volume potencial: R$ 40 bilhões)
  • transferências de R$ 20 bilhões para o FGTS

Cançado lembra que os valores indicados no momento da divulgação dos programas representam a quantia máxima disponibilizada, mas que os desembolsos costumam ser menores.

A expectativa do diretor do BNDES é que o programa para suspensão de juros e principal tenha uma aderência de 50%, bem como os empréstimos destinados ao setor da saúde.

Já o programa de capital de giro deve ser utilizado na íntegra, enquanto o programa de crédito para a folha de pagamento deve ficar em algo próximo a R$ 10 bilhões, devido a fatores que dificultam a operacionalização da medida. O diretor ponderou, no entanto, que outras medidas devem atuar para complementar o apoio ao segmento.

Novos programas

O diretor do BNDES comentou sobre o programa de fundos de crédito para micro, pequenas e médias empresas, com um valor de até R$ 4 bilhões. Essa medida constitui em um novo caminho para as empresas acessarem recursos e já está em curso.

Ainda segundo o diretor, o BNDES também está trabalhando em um fundo garantidor. O instrumento vai cobrir 80% do risco de cada operação nova de crédito das instituições financeiras, limitado a 20% da carteira.

Segundo Cançado, atualmente não há um problema de liquidez nas instituições financeiras. “O problema é uma aversão ao risco do desconhecido. Essa é uma crise muito diferente das anteriores”, diz. “Então quando você provê um instrumento de garantia, no fundo você dá um conforto maior para que os agentes que atuam no mercado de crédito de forma mais importante tenham mais condições, vontade e capacidade de soltar esses recursos, de forma a fazer a economia girar melhor”, explica.

Segundo ele, essa solução já existe no país, mas não nessa magnitude e desse modo. Ele deve ter capacidade para garantir empréstimos de até R$ 100 bilhões em créditos.

Segundo Caçado, o detalhamento do programa depende de uma medida provisória “que está em vias de ser emitida”. Uma vez aprovada a medida provisória, o programa pode ser implementado dentro de algumas semanas.

Acordo com companhias aéreas e outros setores

Na semana passada, o BNDES informou que as companhias aéreas aceitaram as condições de socorro ao setor. Ao comentar medidas destinadas a outros segmentos, Cançado declarou que diversas conversas estão em andamento, sendo que uma das mais avançadas é no setor elétrico. Nas próximas semanas, segundo ele, devem ter anúncios de novas operações.

Ele também mencionou outros programas para o varejo e o setor automotivo. “Estão sendo desenhadas soluções caso a caso, sempre em parceria com o mercado privado”, afirmou. As iniciativas devem ter como foco capital de giro de micros e pequenas empresas, em um arranjo no qual os recursos devem ser irrigados por meio das grandes companhias, utilizando sua rede como um canal para propagar o crédito na economia.

Programa Salvando Vidas

O diretor do BNDES ainda comentou sobre o programa Salvando Vidas, um financiamento coletivo para o combate ao Covid-19, no qual a instituição dobrará as doações recebidas por empresas e sociedade civil. Você pode conferir mais detalhes sobre o programa aqui.

Veja a entrevista completa

Ele ainda comentou sobre o papel do BNDES, a venda de ações por parte da instituição para reduzir a volatilidade nos balanços e outros assuntos. Confira, abaixo, a conversa na íntegra: