A equipe de Macroeconomia do Safra reavaliou o cenário-base para o crescimento econômico do Brasil neste e no próximo ano. Nossos especialistas acreditavam que o terceiro trimestre de 2020 seria marcado por uma dinâmica ainda lenta de crescimento econômico devido à pandemia, e que a recuperação ganharia tração apenas no último quarto do ano.

Entretanto, dados recentes mostraram que recuperação da economia brasileira já está em curso e em velocidade acima da esperada. Contribui para isso a extensão de alguns programas de transferência de renda e manutenção do emprego.

Assim, nosso time passou a projetar crescimento mais forte da economia doméstica de julho a setembro, seguido de uma alta adicional, mas mais tímida, no quarto trimestre, quando parte dos estímulos do governo deverão ser retirados.

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Além disso, a equipe do Safra também revisou o desempenho projetado para os setores da economia. Enquanto a indústria e o varejo têm apresentado maior capacidade de reação, o setor de serviços (excluindo comércio e administração pública), que representa mais de 40% do PIB brasileiro, ainda patina no processo de retomada por sofrer com as medidas necessárias de distanciamento social.

A partir dessas alterações no cenário, a previsão da nossa área de Macroeconomia para o PIB melhorou levemente. De queda de 5,7% em 2020, nosso time estima agora um recuo de 5,5%.

PIB em 2021

Já em relação a 2021 a tarefa é mais árdua, apontam nossos especialistas. Caso a projeção de crescimento em 2020 se materialize, o efeito de carregamento estatístico contribuirá com 1,8% de alta no PIB de 2021, um importante fator para a performance do PIB do ano que vem.

Contudo, a grande questão para o cenário de 2021 é sobre o ritmo de crescimento do próximo ano. E a resposta depende fundamentalmente da eficácia das políticas públicas na preservação de empresas e empregos.

A despeito do nível de incerteza bastante elevado, nosso time está mais otimista em relação à velocidade de recuperação, à preservação do poder de compra – devido à renda do auxílio emergencial que pode não se exaurir subitamente – e ao mercado de trabalho.

Desse modo, a projeção de crescimento do PIB em 2021 passou de 3,0% para 4,0%. Importante ressaltar que esse cenário depende da evolução dos riscos relacionados à perspectiva de solvência fiscal, dos avanços na agenda de reforma, que afetam a confiança dos agentes econômicos, e do controle da pandemia.