O combate às mudanças climáticas exige esforços para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. E uma das principais ferramentas utilizadas ao redor do mundo para atingir esse resultado é a criação de mercados de carbono.

Trata-se de uma maneira eficiente de aliar inovações tecnológicas e crescimento ao investimento em matrizes de produção limpas e economicamente viáveis.

A maioria dos mercados de carbono são baseados no sistema cap and trade, expressão que designa um teto total para as emissões de poluentes, bem como a possibilidade de negociação entre os participantes do sistema.

O primeiro e maior sistema do tipo é o da União Europeia, que conta com milhares de usinas e fábricas espalhadas pela região, incluindo também voos entre aeroportos dos países participantes.

O funcionamento se dá da seguinte forma: define-se um limite na quantidade total de gases de efeito estufa que podem ser emitidos pelas empresas participantes, e cada uma recebe licenças equivalentes a determinada quantidade de emissão na atmosfera.

Cada participante deve contar com licenças suficientes para cobrir totalmente suas emissões, caso contrário, são aplicadas multas pesadas. Se uma empresa reduzir as suas emissões, pode manter as licenças de reserva para cobrir as suas necessidades futuras ou então vendê-las a quem não tenha licenças suficientes.

Tal comércio traz flexibilidade, facilitando o corte mais célere de emissões em setores com esse potencial, e incentivando que outras atividades desenvolvam essa capacidade. As empresas do sistema acabam assim por determinar qual é o caminho de menor custo para atender ao teto estabelecido.

O preço do carbono, por sua vez, é definido por meio de negociação, revelando um sinal econômico importante. Em vez de contar com uma autoridade que defina quando e como as empresas devem cortar suas emissões, cada agente decide se adapta suas atividades ou arca com os custos das emissões.

Além do sistema da União Europeia, há outros mercados relevantes, como o do Reino Unido e os americanos Western Climate Initiative, na Califórnia, e Regional Greenhouse Gas Initiative, sediado em Nova York.

Investidores no mercado de carbono

Alguns instrumentos financeiros foram criados para facilitar a negociação de licenças de emissões, gerando liquidez e mecanismos de hedge, bem como atribuindo preços para diferentes prazos.

Há derivativos ligados aos mercados de carbono que são negociados na ICE e na CME, por exemplo, as maiores bolsas de commodities do mundo. Um tipo são os contratos futuros de carbono, que permitem proteção ou especulação sobre o preço das licenças de emissão em data futura.

Assim, empresas podem reduzir os riscos da volatilidade dos preços das licenças, enquanto investidores buscam lucros ao identificar tendências no mercado.

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Como acessar o mercado de carbono

A compra e venda direta de derivativos do mercado de carbono pode ser muito custosa e arriscada para a maioria dos investidores. Por isso, uma das maneiras mais acessíveis de ganhar exposição a esse mercado é por meio de fundos de investimento.

No Safra, por exemplo, a estratégia Safra Direct Carbono é um caminho simples e de baixo custo para investir no mercado de carbono. O produto faz parte da grade de gestão passiva da Safra Asset, isto é, ele busca simplesmente acompanhar o comportamento do mercado – no caso, o de futuros das licenças do sistema da União Europeia.

Isso permite que o fundo pratique uma taxa de administração baixa, e esteja disponível para investidores em geral, com aplicação mínima de apenas R$ 1 mil.

São dois fundos da família Safra Direct Carbono. Um com proteção cambial, que faz com que a rentabilidade do produto não sofra interferência da cotação do real frente a moedas estrangeiras. E outro fundo sem proteção cambial, no qual, além do mercado de carbono, o retorno também está atrelado ao dólar.

Os fundos de carbono do Safra têm exibido valorizações expressivas, com retorno de mais de 50% desde o lançamento, em maio de 2021. Isso graças à demanda obrigatória pelas licenças de emissão. Além disso, os ativos têm sua oferta reduzida a uma taxa anual.

Fundos do tipo ainda têm o benefício de apresentar baixa correlação com mercados mais tradicionais, como de ações e títulos públicos. Mas é sempre importante lembrar que a volatilidade esperada para esses produtos é elevada, de modo que o indicado é alocar uma parte pequena da carteira nesses produtos.