Preços administrados, também chamados de regulados ou monitorados, são aqueles que não sofrem tanto impacto das oscilações entre oferta e demanda, pois seus reajustes são previstos em contrato ou determinados diretamente por órgãos públicos.

Entre os exemplos mais importantes estão energia elétrica, remédios e gasolina. Esta última, assim como outros derivados de petróleo, é incluída no grupo de preços administrados por ser bastante influenciado pela Petrobras, que domina no país a distribuição no atacado.

Outros itens regulados são planos de saúde, gás de botijão, óleo diesel, bem como taxa de água e esgoto. 

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São itens que têm um peso significativo na inflação oficial do país, medida pelo IPCA. Atualmente, a participação dos preços administrados no índice do IBGE soma mais de 20%.

A maior parte da inflação de mais de 10% acumulada em 2021, por exemplo, veio dos fortes aumentos de combustíveis e contas de luz, preços que são regulados.

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Saiba aqui como funcionam os reajustes dos preços desses bens e serviços, e os impactos que exercem sobre a inflação.

Energia elétrica

O preço da energia elétrica é regulado por contrato de concessão realizado entre o governo e as empresas do setor. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é responsável por regular esses contratos de abastecimento de energia elétrica.

O principal meio de atualização do preço da energia elétrica é o reajuste tarifário anual, responsável por recompor as receitas das distribuidoras.

Contudo, existe um sistema de bandeiras que busca evidenciar os aumentos de custos da geração de energia. A escassez de chuvas, por exemplo, pode reduzir o nível dos reservatórios e forçar a produção de energia termelétrica, encarecendo o processo.

Em 2021, isso provocou a criação da bandeira de escassez hídrica, na qual o consumidor precisou pagar R$ 14,20 extras a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Tarifa de transportes públicos

Outro importante elemento entre os preços administrados são as tarifas de transporte público, como ônibus, trem e metrô.

Elas variam de cidade para cidade, já que são controladas em geral pelas prefeituras, em conjunto com a iniciativa privada, que firmam contratos que preveem o valor do serviço e o mecanismo de correção tarifária.

O cálculo pode levar em conta a soma dos custos (despesas com manutenção, compra de novos veículos, salário de funcionários, preço do óleo diesel), a remuneração da empresa contratada, e o número de usuários pagantes, considerando que costuma haver isenção para idosos e pessoas com deficiência.

Derivados do petróleo

Na prática, os preços de subprodutos do petróleo, como a gasolina, o gás de botijão e o diesel são direcionados pela Petrobras.

Desde 2016, a estatal adota a paridade de importação para fixar os preços nas refinarias, refletindo principalmente a cotação internacional do petróleo e a variação cambial.

A política foi construída pelo então presidente da Petrobras, Pedro Parente, com foco em recuperar a rentabilidade e reduzir o endividamento da empresa.

A companhia defende que a variação dos preços nas refinarias é importante para que haja competição mais eficiente no mercado brasileiro.

É importante lembrar que o valor pago pelo consumidor não é completamente definido pela Petrobras, já que a carga tributária e os demais agentes da cadeia de comercialização, como importadores, distribuidores, revendedores e produtores de biocombustíveis, também influenciam na formação do preço final.

Plano de saúde

No caso dos planos de saúde, as regras são diferentes entre as categorias de plano individual ou plano coletivo.

Os planos individuais têm uma taxa máxima de reajuste definida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Para os planos coletivos com 30 ou mais beneficiários, a correção é negociada entre a empresa contratante e a prestadora de serviços. 

Para 2022, após um reajuste negativo, a previsão da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) é de aumento recorde de 16,3% nos planos individuais.

Segundo a FenaSaúde, o número está associado à variação dos gastos assistenciais e das faixas etárias, a alta do dólar e a inserção de novas coberturas, além da alta inflação do período e da eficiência da operadora.

Medicamentos

Por fim, os medicamentos têm seus preços administrados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), ligada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Elementos como a oscilação da inflação, os ganhos de produtividade das empresas fabricantes e os custos de insumos estão inseridos no cálculo feito pela CMED. Para 2022, o reajuste autorizado pelo governo foi de 10,89%.