Assim como na semana passada, a atenção dos investidores deve estar em anúncios de novas medidas para combater os efeitos econômicos do coronavírus. No Brasil, as medidas já totalizam R$ 415,2 bilhões, segundo nosso time de Macroeconomia. No exterior, o G20 já anunciou que as nações vão investir cerca de US$ 5 trilhões nas economias.

Ainda assim, o mercado não deixará de prestar atenção ao calendário de indicadores da semana, uma vez que alguns números irão apontar aspectos das economias já relativos ao mês de março, quando o coronavírus se expandiu com mais força da China para diversos países.

Muito dados, no entanto, ainda são referentes a fevereiro, anteriores aos impactos mais fortes da pandemia no país. É o caso das contas públicas. Será divulgado nesta segunda-feira, 30, o resultado primário em fevereiro do Governo Central, cujas contas são formadas pelos números do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social.

Nosso time de Macroeconomia estima que foi registrado um déficit de R$ 27,7 bilhões no mês. No entanto, esse número ainda não capta as medidas econômicas anunciadas este mês para combater o coronavírus. A projeção do nosso time de Macroeconomia, por exemplo, foi ajustada de um déficit de R$ 87,2 bilhões neste ano para um déficit de R$ 343,0 bilhões.

Dados de atividade na China e nos EUA
Hoje à noite será divulgado o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da China, que engloba os setores de serviços e indústria.

O PMI é um indicador importante para mensurar como representantes desses setores avaliam as condições do mercado. O mercado espera que o resultado de março indique uma retração menor do que no mês anterior, mais afetado pelo coronavírus.

Também é preciso acompanhar com atenção dados de atividade industrial e no setor de serviços dos EUA, na quarta e na sexta-feira, respectivamente. A expectativa do mercado é que os dois indicadores passem de expansão em fevereiro para retração em março.

Desemprego
Na terça-feira, o IBGE divulga a Pnad Contínua, com dados do mercado de trabalho. Nosso time de Macroeconomia calcula que a taxa média de desemprego ficou em 11,7% nos três meses até fevereiro. O mercado espera 11,6%. A última leitura marca 11,2%.

Vale lembrar, no entanto, que com os impactos do coronavírus na economia a projeção é que este número avance nos próximos meses. Nosso time de Macroeconomia projeta que encerraremos o ano com a taxa de desemprego superando os 13%.

Também na terça-feira pela manhã será divulgado o resultado primário do setor público consolidado, formado pelo Governo Federal (inclusive Banco Central e INSS), Estados, municípios e empresas públicas. Nosso time de Macroeconomia projeta um déficit de R$ 22,7 bilhões em fevereiro.

Indústria e contas externas
Na quarta-feira, o IBGE lança os números da Pesquisa Industrial Mensal relativos a fevereiro. Nossa equipe acredita que a produção tenha recuado 0,3% na comparação com o mês anterior. A previsão do mercado é de avanço de 0,2%. Este também é um número anterior aos impactos do coronavírus.

Mais tarde, o Ministério da Economia apresenta os resultados da balança comercial em março. As exportações devem ter ficado em R$ 17,2 bilhões, enquanto as importações devem ter fechado R$ 13,4 bilhões no mês, acreditam nossos economistas.

Mercado de trabalho americano
A semana termina com dados sobre o mercado de trabalho americano.

Na quarta-feira o país divulga o ADP, um relatório que mostra a variação nos postos de trabalho no setor privado. No entanto, as atenções se voltam para sexta-feira de manhã, quando sai a taxa de desemprego em março. O mercado prevê que tenha subido de 3,5% para 3,8%.

Na semana passada, dados sobre o mercado de trabalho no país chamaram a atenção. Os novos pedidos de seguro desemprego nos Estados Unidos somaram 3,3 milhões, praticamente o dobro da expectativa do mercado. Foi um recorde: mesmo no auge da crise financeira de 2008, o valor máximo atingido havia ficado abaixo de 700 mil novos pedidos em uma semana, quase 5 vezes menos.