Esperamos resultados mistos no primeiro trimestre para a Ambev (ABEV3), impulsionados por uma sólida receita em geral, mas com a desaceleração dos volumes de cerveja Brasil e margens ainda pressionadas por commodities e câmbio.

A receita consolidada deve crescer 14% A/A, para R$ 20.976 milhões, enquanto o crescimento do EBITDA ajustado deve cair em 7% (R$ 5.504 milhões) devido a uma pressão de margem de 1,6 ponto percentual.

O lucro líquido deve totalizar R$3.644 milhões (+7% A/A) devido a fortes compensações relacionadas a outros resultados financeiros.

Embora o desempenho operacional absoluto não pareça ruim no 1T23, especialmente considerando que o
segundo semestre de 2023 deve ser mais forte em termos de margens, em termos relativos o desempenho da Ambev deve continuar abaixo do da Heineken.

Também aproveitamos a oportunidade para ajustar nosso modelo (sem mudança material), mantendo uma classificação Compra em ABEV3 e R$ 18,00 de preço-alvo, pois o momento de ganhos deve melhorar até o final do ano e o valuation atual parece atraente para um forte negócio gerador de caixa com uma perspectiva de crescimento melhorada.

ABEV3 tem recomendação de compra

Com uma perspectiva melhor para 2023 e alguns dos riscos parcialmente precificados, atualizamos a Ambev (ABEV3) para Compra em março deste ano com um novo preço-alvo de R$ 18,00/ação.

Com o preço da ação 6% abaixo desde o início da cobertura em dezembro de 2022 (vs. -4% para o Ibovespa) e uma perspectiva melhor para 2023, vemos agora uma assimetria mais favorável na tese de investimento da Ambev.

Menores pressões de custo aliadas a uma demanda sólida, boa execução e tendência contínua de premiumização devem permitir alguma expansão de margem, o que não se vê desde 2018.

Além disso, o processo de desalavancagem da ABI parece estar entrando em sua fase final, o que pode eventualmente abrir espaço para maior flexibilidade para Ambev devolver caixa aos acionistas de forma mais agressiva.

Sobre os riscos da tese, acreditamos que o potencial fim dos benefícios fiscais dos juros sobre capital próprio (JCP) representa uma ameaça menor agora, pois esse risco parece estar parcialmente precificado.

A reforma não parece representar riscos materiais de aumento da carga tributária para a Ambev.

Como resultado, acreditamos que a ABEV3 oferece agora uma relação risco/retorno mais atraente e
decidimos atualizá-la para Compra, com um novo preço-alvo de R$ 18,00 (anteriormente R$ 16,00).

Menos pressão de custo daqui para frente para a Ambev (ABEV3)

A Ambev parece ter muito menos ventos contrários relacionados a preços de commodities e taxas de câmbio em 2023.

De acordo com comentários da administração na teleconferência do quarto trimestre de 2022, o hedge cambial está travado em uma taxa de 5,10 BRL/USD para o ano.

Esta é uma melhoria importante após quatro anos como uma fonte significativa de pressão. Além disso, “o alumínio se tornou um vento favorável” em 2023 como resultado dos hedges de commodities da empresa. Isso levou a empresa a prever um aumento anual de 6,0% a 9,9% no CPV por hectolitro para a divisão Cerveja Brasil em 2023 (excl. operações de marketplace).

Esta seria a primeira vez desde 2018 que este indicador cresceria a uma taxa de um dígito, sendo o aumento médio no período 2019-2022 de 20%. Já esperávamos uma desaceleração do CPV por hectolitro para 2023, mas ver o guidance da empresa aumenta nossa confiança de que o vento contrário dos
custos deve diminuir.

Abra sua conta no Banco Safra.