Estamos iniciando a cobertura do Mercado Libre (“MELI”) com classificação de Compra e preço-alvo de 12 meses de US$ 1.800/ação, pois temos uma visão construtiva sobre as perspectivas da empresa tanto na frente de comércio eletrônico quanto de fintech.

Acreditamos que a empresa deve continuar a ser líder no espaço de comércio eletrônico na América Latina (participação de mercado atual de 17% vs. 15% projetada para 2026), ao mesmo tempo em que expande sua plataforma fintech por meio da oferta de produtos e serviços para compradores e vendedores de seu mercado.

Esperamos um CAGR de receita de 2023-26 de 21%, o que deve apoiar a diluição de despesas gerais, com vendas e administrativas, levando a um CAGR para o EBITDA de 2023-26 de 24% e um CAGR de LPA de 25%.

Em termos de valuation, o nosso preço-alvo oferece um potencial de valorização de 34%. Atualmente, a MELI está sendo negociada a um EV/EBITDA de 22x – um prêmio bem merecido em relação aos seus pares brasileiros, principalmente devido aos seus retornos superiores (ROIC 2023 de 33% vs. 4% para MGLU e 4% para VIIA), além de margens mais elevadas e de menor alavancagem.  

Também aproveitamos a oportunidade para atualizar nossas estimativas, ratings e preços-alvo para Via e Magazine Luiza após incorporar os resultados recentes das empresas e novas premissas macroeconômicas, ao mesmo tempo em que adotamos uma nova abordagem para pré-pagamento de recebíveis de cartão de crédito em nossos modelos – assumindo que isso é recorrente.

A fonte de caixa continuará importante para as empresas em suas respectivas estruturas de capital. Em suma, estamos reduzindo nosso preço-alvo para MGLU de R$ 6,0/ação de R$ 3,4/ação e rebaixando-a de Compra para Neutro devido ao seu potencial de valorização limitado (16%).

Também estamos reduzindo o preço-alvo da VIIA de R$ 3,0/ação para R$ 2,2/ação, mas mantendo a classificação de Compra à medida que continuamos a ver um potencial de valorização significativo (65%).  

Perspectivas do comércio eletrônico

Esperamos pressão de curto prazo devido a um ambiente macroeconômico difícil na América Latina em geral.

No entanto, continuamos a ter uma visão construtiva de médio a longo prazo sobre o setor (CAGR 2023-26 de 20%), que deverá beneficiar:

(i) da digitalização dos pequenos varejistas através dos mercados das grandes empresas – e esperamos que a MELI continue a liderar esta tendência beneficiando do seu poderoso “efeito de rede”: o seu maior número de vendedores melhora a gama de produtos, atraindo mais compradores, o que atrai mais vendedores…;

(ii) melhoria na experiência geral de compra online – entregas mais rápidas (melhor logística), maior sortimento, novas categorias, diferentes meios de pagamento, etc.; e

(iii) aumento da penetração da Internet. Além disso, não acreditamos num cenário “o vencedor leva tudo”, mas sim num cenário com poucos players relevantes, o que não seria muito diferente daquele de mercados mais desenvolvidos, como os EUA e a China.

Perspectivas da Fintech

O setor bancário latino-americano é bastante lucrativo (ROE de 15% a 18% vs. 12% nos EUA e 7% no Reino Unido), o que apoiou o surgimento de plataformas fintech independentes (ou não) na região (de 703 em 2017). para mais de 2.400 em 2021).

É importante notar também que o mercado ainda é pouco penetrado (74% da população possui contas bancárias e 28% possui cartões de crédito).

Assim, esperamos que o desenvolvimento econômico, juntamente com uma maior penetração dos serviços bancários em geral, apoie o crescimento global do mercado.

Na nossa opinião, os players do comércio eletrônico deverão se beneficiar desta tendência, uma vez que mantêm uma relação estreita com compradores e vendedores nas suas plataformas.  

Tenha em atenção os riscos – além do ambiente macroeconômico – que afetam diretamente a demanda e, consequentemente, as vendas no comércio eletrônico e as taxas de inadimplência das fintechs.

A questão chave está relacionada à expansão das margens e à consequente expansão do lucro por ação e geração de caixa.

Outro risco importante é a concorrência de players externos que são geralmente agressivos em termos de preços e, por vezes, também oferecem uma experiência de usuário melhorada.

Finalmente, especificamente para a MELI, a instabilidade económica e a elevada volatilidade cambial na Argentina podem prejudicar o lucro por ação da empresa. 

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