O mês de abril foi de forte recuperação nos preços dos papéis negociados em Bolsa, embora permaneçam em níveis bastante inferiores aos observados no início do ano. Nesse cenário, a Carteira Recomendada de Ações elaborada pela Safra Corretora apresentou ganhos de 13,30% no mês passado. Como comparação, o principal índice de ações do mercado, o Ibovespa, avançou 10,25%.

O movimento positivo também foi visto nos mercados internacionais. Para nosso time de Macroeconomia, o exterior mostrou “alguma recuperação no preço dos ativos, reagindo às trajetórias de declínio no crescimento do número de novos casos de Covid-19 nos países da Europa e à estabilização desse crescimento nos EUA”. A expectativa pelo surgimento de algum tratamento para combater a doença também influenciou positivamente os preços.

Isso não significa, contudo, que o cenário econômico seja benigno. Para nossas economistas, “todos os dados divulgados sobre a atividade econômica revelaram fortes quedas e apontam para um cenário de forte recessão global”.

No mês anterior, os estrategistas Luis Azevedo, Cauê Pinheiro e Silvio Doria, da nossa Corretora, já haviam promovido alterações na carteira para aumentar a posições em ações consideradas de perfil mais defensivo. 

Desta vez, ocorreram pequenos ajustes de peso dos ativos na carteira. Os estrategistas ajustaram para cima a exposição em B3 (de 5% para 7%), Hapvida (de 4% para 6%), Raia Drogasil (de 2% para 3%) e Iguatemi (de 4% para 5%), ao mesmo tempo em que reduziram em Bradesco (de 12% para 11%), Petrobras (de 13% para 11%) e Pão de Açúcar (de 5% para 4%). 

A única exclusão da carteira se deu pela retirada das ações da Localiza, após o forte desempenho de mais de 43% registrado em março.

Confira, abaixo, o portfólio completo e as justificativas escritas pelos nossos estrategistas para cada papel:

Exclusão na carteira

  • LOCALIZA (RENT3)

Embora gostemos bastante do nome, estamos retirando Localiza de nosso portfólio. A companhia está fazendo promoções para manter os motoristas de Uber com os carros e deve postergar a renovação da frota para se beneficiar da esperada retomada da economia no segundo semestre. Alem disso, 40% do seu serviço de Rent a Car é composto pelos aluguéis mensais, produto que tem se mostrado bastante resiliente na crise, pois a maioria dos clientes é PJ. A companhia elaborou um plano agressivo de corte de custos e pode voltar a renegociar contratos com aeroportos, com potencial melhora da rentabilidade desses canais de venda no futuro.

Aumento de participação na carteira

  • B3 (B3SA3)

Estamos mantendo B3 na carteira recomendada deste mês de maio por conta de earnigs momentum. A companhia vem apresentando uma sequência de fortes volumes de negociação em sua divisão de ações, o que, somado com a pequena estrutura de custos, deve garantir um bom resultado, com EBITDA e Lucro crescendo dois dígitos. Dito isto, esperamos um bom resultado do 1T20, a ser divulgado na primeira semana deste mês.

  • HAPVIDA (HAPV3)

A Hapvida tem um modelo de negócios vencedor, oferecendo planos de saúde a um custo altamente acessível devido à sua estrutura verticalmente integrada, com um enorme foco em processos, protocolos e prevenção. O risco de um colapso no sistema de saúde brasileiro, e mais especificamente da Hapvida, diminuiu com a companhia mostrando uma utilização de leitos sob controle e se preparando para um aumento de demanda por pacientes com Covid-19. Dessa forma, acreditamos que o múltiplo atual de 38,7x P/E para os próximos 12 meses (um desconto para seu par GNDI3) ainda oferece um potencial de upside atrativo (34% até o final de 2020) devido à perspectiva de forte crescimento para a ação.

  • IGUATEMI (IGTA3)

Estamos aumentando a exposição a Iguatemi em nossa carteira recomendada. O setor de shoppings tem um perfil defensivo e a empresa possui um portfólio resiliente, voltado para classes mais altas de renda, e com maior exposição ao estado de São Paulo, que tem a economia mais dinâmica do país.

  • RAIA DROGASIL (RADL3)

RaiaDrogasil combina a resiliência do setor de farma com uma execução exemplar, que tem resultado em ganhos consistentes para os acionistas. Nós incluímos RADL3 na nossa carteira como um ativo defensivo, mas com potencial de crescimento sustentado em meio a um ambiente competitivo mais benéfico. No médio prazo, vemos o aumento de possibilidades de aquisições como uma forma de alavancar a geração de valor para os acionistas. 

Diminuição de participação na carteira

  • BRADESCO (BBDC4)

Estamos mantendo Bradesco na carteira recomendada do mês. Apesar de o banco ter divulgado um resultado fraco, com significativo aumento de provisões para fazer frente a um cenário mais desafiador e sinais de deterioração de carteira, ainda achamos a ação do banco atrativa, dado o atual patamar de valuation. Vemos Bradesco sendo negociado a ~6.0x P/L para 2020, abaixo dos seus pares.

  • PÃO DE AÇÚCAR (PCAR4)

O varejo alimentar tem sido o mais resiliente num cenário macro afetado pelo Coronavírus, e acreditamos que o GPA é o melhor ativo para se posicionar nesse segmento. A companhia reportou bons resultados de vendas para o 1T20 e deve continuar apresentando bom momento quando divulgar o resultado para o trimestre no dia 13 de maio, com ganho de margem devido ao aumento das vendas e à redução de promoções. Possui valuation atrativo negociando a 14x P/L 2020E, que compara com o múltiplo de 18x do Carrefour.

  • PETROBRAS (PETR4)

Mantemos as ações da Petrobras (PETR4) em nossa Carteira Recomendada. Apesar da crise do mercado internacional de petróleo e o contexto desfavorável no curto prazo, a empresa segue oferecendo valuation atrativo e adotou medidas de preservação de caixa frente à crise, como postergação de investimentos, corte de custos e medidas de ganho de eficiência. A empresa segue focada no segmento de exploração e produção de petróleo, seguindo com planos de desinvestimento em atividades não-core. Além disso, as ações da Petrobras seguem negociando com desconto em relação a seus pares globais.

Manutenção na carteira

  • BANCO DO BRASIL (BBAS3)

Mantivemos Banco do Brasil na carteira deste mês. O Banco deve divulgar resultados ligeiramente positivo neste 1T, com crescimento (ainda que tímido) de lucro, mesmo com um nível de provisionamento acima do normal e elevação de impostos. Lembramos que Banco do Brasil ainda é um dos nomes preferidos no setor bancário, dado seu atrativo valuation (P/VPA de ~0.7x vs. média do setor de ~1.1x).

  • BRADESPAR (BRAP4)

Continuamos a gostar de Bradespar como exposição à Vale. Estimamos que o valor de mercado atual da empresa represente um desconto de 24% em relação ao valor da sua participação na Vale.

  • BRF (BRFS3)

Acreditamos que a BRF deva se beneficiar de uma demanda doméstica de alimentos resiliente e do efeito positivo de um real mais desvalorizado nas suas exportações.

  • CPFL (CPFE3)

Mantemos CPFL na carteira recomendada pois entendemos que o contexto macroeconômico segue pedindo mais cautela na seleção dos papéis. CPFL é uma empresa de qualidade comprovada pelo mercado. Apesar de no curto prazo a demanda ser impactada pelo confinamento, a agência reguladora do setor (ANEEL) já anunciou medidas de socorro às distribuidoras de energia, trazendo segurança para a empresas deste segmento. A CPFL oferece alguns pontos de atratividade para investidores: (i) crescimento via aquisições no segmento de distribuição e geração; (ii) distribuição de dividendos.

  • ENERGISA (ENGI3)

Mantemos Energisa em nossa carteira recomendada como parte de nossa estratégia de mitigação de riscos aos impactos do Covid-19 no contexto macroeconômico. Energisa conta com uma gestão familiar com mais de 100 anos de experiência no setor, com potencial de crescimento vindo da recuperação das distribuidoras adquiridas da Eletrobras. Apesar de no curto prazo a demanda ser impactada pelo confinamento, a agência reguladora do setor (ANEEL) já anunciou medidas de socorro às distribuidoras de energia, trazendo segurança para a empresas deste segmento.

  • ENGIE (EGIE3)

Mantemos Engie em nossa carteira recomendada como parte de nossa estratégia de mitigação de riscos contra os impactos do Covid-19 no contexto macroeconômico, uma vez que os preços atuais oferecem um bom ponto de entrada. Engie é uma empresa que atua nos segmentos de geração e transmissão de energia elétrica, contando com um portfólio bem diversificado, que mitiga riscos. No ano passado, a empresa adquiriu da Petrobras a transportadora de gás TAG, abrindo uma via de oportunidades no futuro. Além disso, Engie distribui bons dividendos recorrentemente, aumentando a atratividade das ações.

  • MAGAZINE LUIZA (MGLU3)

Magazine Luiza deve continuar entregando resultados bem acima do mercado, com seu modelo de vendas omnichannel que se beneficia da rede de lojas para ter um serviço diferenciado no segmento de ecommerce e marketplace. O lançamento da carteira digital em março deve aumentar ainda mais a visibilidade da companhia e ajudar no desempenho da ação. Escolhemos MGLU3 como o melhor ativo para alavancar os ganhos no caso de uma recuperação mais rápida que o esperado.

  • MOVIDA (MOVI3)

Decidimos manter a Movida em nosso portfólio apesar dos impactos negativos esperados em alguns de seus segmentos de negócio. Apesar na queda da taxa de ocupação para 60%, a companhia conseguiu manter o volume de clientes do Uber devido à sua característica de contratos pré-pagos e mensais. Acreditamos que as menores tarifas e os descontos concedidos aos motoristas de aplicativo serão compensados quando a retomada da economia acontecer, pois os veículos já estarão rodando nas ruas. No segmento de seminovos, a companhia não irá abaixar o preço dos carros e não fará renovação de frota no curto prazo, pois preferem esperar algum tempo para vender os veículos posteriormente sem descontos.

  • SANTANDER BRASIL (SANB11)

Estamos mantendo mais uma vez Santander na carteira recomendada. Gostamos do resultado do 1T20, recém divulgado pelo banco. O lucro do banco cresceu em um digito alto (10,5% A/A, possivelmente a maior expansão entre os bancos grandes). Além disso, a carteira de crédito do banco manteve um crescimento forte (+21,8% A/A), com nível de despesas sob controle. O lado negativo do trimestre foi o aumento (de +19.3% A/A) em provisões e o resultado de serviços mais fraco (-1,0% YoY).

  • TIM (TIMP3)

Mantivemos TIM na carteira recomendada. A empresa deve divulgar seu resultado do 1T20 neste começo de mês e esperamos bons números. Apesar de a receita crescer em um ritmo mais fraco nesse trimestre, esperamos que a boa gestão de custos e despesas da empresa, deve garantir crescimento de EBITDA para o trimestre.

  • VALE (VALE3)

Mantemos Vale na carteira por acreditar que ela deva se beneficiar da retomada da atividade econômica na China, com a manutenção na demanda por minério de ferro, do aumento na sua produção, que deve ocorrer de forma gradual sem pressionar os preços de minério, e da esperada tendência de diminuição de custos ao longo do ano. A situação financeira da empresa permanece sólida e a intenção é retomar o pagamento de dividendos após a diminuição das incertezas trazidas pela pandemia de Covid-19.