O volume importado de minério de ferro pela China, ajustado sazonalmente, cresceu 19% no mês passado em comparação ao mês anterior.

Esse incremento das importações não indica, necessariamente, uma forte aceleração da atividade econômica no curto prazo, já que o setor imobiliário continua se enfraquecendo. Assim, a elevação de estoques de minério não significa aumento da produção de aço no curto prazo.

A venda de imóveis vem sendo negativamente influenciada pelo aperto nas condições crédito desde o final do ano passado. Diante dessa acomodação da demanda, os estoques imobiliários estão em patamar elevado e o preço médio das novas construções residenciais recuou nos últimos dois meses, o que não acontecia desde 2015.

O volume de construções iniciadas caiu 7,7% entre janeiro e outubro desse ano em relação ao mesmo período do ano passado.

A produção de aço recuou substancialmente nos últimos meses e retornou para o patamar de meados de 2017. Essa queda abrupta na produção não foi acompanhada por uma variação significativa nos estoques, o que se alinha à nossa percepção de que demanda por aço também diminuiu.

O interesse do governo em promover um redimensionamento da construção civil tem sido refletido em uma política monetária e de crédito parcimoniosa.

Esse ajuste não deve ser causa de turbulências nos mercados financeiros, ou de uma desaceleração exagerada da atividade econômica. Com esse propósito, o governo reduziu a exigibilidade de depósito compulsório dos bancos, o que aumenta a liquidez do sistema financeiro face às pressões associadas à situação da Evergrande e outras empreiteiras.

A reunião anual do governo chinês, para determinar a agenda econômica do próximo ano, mostrou a disposição da autoridade em adotar medidas para sustentar a atividade, mas com diligência.

A necessidade de estabilidade da economia foi destacada, com política monetária “flexível e apropriada” e “continuidade de política fiscal proativa”, incluindo a alteração de impostos, suporte às pequenas empresas e postura “moderadamente proativa” para avançar os investimentos em infraestrutura.

Em relação ao setor imobiliário, afirmou que irá apoiar o mercado para melhor atender a demanda por residências e adotará políticas nas cidades para o desenvolvimento saudável do segmento.

As diretrizes do governo para o próximo ano sustentam a perspectiva de um crescimento econômico em torno de 5,0% em 2022, abaixo dos 8,0% esperados para este ano. Nesse contexto, as importações de minério de ferro não devem intensificar nos próximos meses, o que sustenta a nossa expectativa de redução do saldo comercial brasileiro em 2022.