Após a surpresa inflacionária no mês de setembro, a equipe de Macroeconomia do Safra elevou a projeção para o IPCA acumulado em 2020. De 2,5%, nossos especialistas esperam agora alta de 2,8%. Já a expectativa para 2021 segue em 3,1%.

Os dados dos IGPs, índices calculados pela FGV que refletem mais os preços aos produtores, permaneceram pressionados em setembro, com destaque para grãos e proteínas.

Devido à defasagem do repasse desses preços ao consumidor final, nossos especialistas esperam que o IPCA de outubro permaneça com variação elevada. No entanto, dados prévios dos preços no atacado de outubro já indicam algum arrefecimento desses preços. Por isso, deverá haver desaceleração no grupo ‘Alimentação no domicílio’ no último bimestre do ano.

Em relação aos bens industriais, o IPCA de setembro aproximou-se um pouco mais da inflação no atacado, mas a diferença permanece elevada. Assim, nossa equipe revisou alguns itens desse grupo para cima nos próximos meses, embora não acredite que o repasse ao consumidor seja integral ainda neste ano.

Outras revisões de alta incorporadas no cenário do Safra foram as mensalidades escolares, com possíveis coletas extraordinárias em dezembro, e o reajuste de combustíveis.

Por sua vez, a média dos núcleos de inflação, menos sensível a oscilações esporádicas, acelerou de 0,10% em agosto para 0,28% em setembro. Já a variação em 12 meses passou de 1,97% para 2,15%.

Apesar da aceleração, a média permanece em nível ainda bastante baixo em relação à série histórica e à meta de inflação perseguida pelo BC, de 4% em 2020 e 3,75% em 2021, o que denota um caráter ainda benigno da inflação.

Olhando à frente, nosso time destaca que os maiores riscos continuam majoritariamente associados à desancoragem fiscal, que elevam as expectativas inflacionárias e podem levar o BC a abandonar o forward guidance, instrumento que sinaliza a trajetória futura da taxa Selic.