Devido ao cenário de pandemia, que levou diversas cidades a colocarem a população sob quarentena, nossa equipe de Macroeconomia reduziu consideravelmente a projeção para o desempenho do PIB em 2020.

Assumindo que a quarentena deva ainda durar pelo menos duas semanas e assumindo também um forte efeito sobre o faturamento do setor de serviços e produção industrial no segundo trimestre, hoje nosso time prevê uma queda de 2,8% no PIB em 2020.

Esse cenário considera que haverá uma forte recuperação já a partir do terceiro trimestre, mas ainda assim insuficiente para compensar toda a queda observada nos primeiros seis meses do ano.

Não foi alterada, por ora, a projeção para o PIB em 2021, que considera crescimento de 2,4%. Contudo, esse número hoje apresenta viés de alta, uma vez que o caráter dessa crise, apesar de provavelmente levar a uma desaceleração muito forte, também será muito concentrada em 2020.

Inflação ainda menor

O enfraquecimento da atividade em 2020 também leva a uma queda da expectativa para a inflação. A projeção de nossa equipe de Macroeconomia para o IPCA foi reduzida de 2,5% para 2,2%.

As medidas de estímulos que estão sendo anunciadas pelo governo levarão a uma forte deterioração nas contas públicas. Desse modo, o time de Macroeconomia passa a projetar um déficit primário de R$ 298 bilhões no ano.

Entretanto, é importante ressaltar que a equipe econômica do governo tem reiterado que todas as medidas anunciadas terão seu impacto restritos a 2020 e não representam uma mudança estrutural na trajetória de ajuste fiscal. Nesse cenário, a dívida bruta como percentual do PIB deve voltar a se elevar na ponta, superando brevemente 80% do PIB ao final desse ano.