As incertezas fiscais e a persistência inflacionária têm pressionado a curva de juros brasileira e apertado as condições financeiras.

Esse ambiente prejudica as perspectivas para a atividade econômica e reforça nossas projeções para a expansão do PIB real de 1,1% em 2022.

O Índice Safra de Condições Financeira (ICF) sofreu uma piora ao longo de 2021, o que aponta uma deterioração da atividade econômica em 2021 e 2022.

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Desde o início de setembro, o nosso indicador passou para região restritiva (maior do que zero), o que pesará sobre a economia nos próximos meses.

Essa piora se deve à subida dos juros nacionais, inclusive ao longo da curva de rendimentos. A contribuição baixista das taxas de juros internacionais também tem se reduzido.

A piora das condições financeiras, que deve diminuir o acesso das empresas ao crédito (por exemplo, pelo custo de captação por emissão de ações, assim como pelo endividamento), reforça nossa projeção de crescimento do PIB muito moderado para 2022, que mantemos em 1,1%, com viés de baixa.

Índice Safra de Condições Financeira

Apresentamos a nossa estimativa do Índice de Condições Financeiras (ICF), seguindo metodologia utilizada pelo Banco Central do Brasil.

A metodologia projeta as condições financeiras a partir do preço de sete grupos de ativos: juro nacional, juro internacional, renda variável, moedas, petróleo, outras commodities e volatilidade. Cada grupo contém múltiplas séries de preço (de três a dez) que se relacionam com o tema do grupo.

Para cada grupo, construímos uma única série temporal, combinando as variáveis de forma a captar a maior variação possível das séries contidas no respectivo grupo. Computamos o primeiro componente principal das séries do respectivo grupo.

O ICF é então calculado como um média ponderada das séries de cada grupo. No gráfico abaixo, representamos o ICF com a curva preta. As barras coloridas representam os diferentes componentes e sua contribuição para a curva final.

A interpretação é que uma alta da série representa uma piora nas condições financeiras no Brasil, como nas proximidades da greve de caminhoneiros em 2018 e o do começo da pandemia de 2020. Assim, a curva indica uma acentuada piora das condições financeira desde o começo de 2021.

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As condições financeiras tendem a influenciar a atividade econômica. Essas condições são um amálgama de variáveis que refletem a facilidade de acesso ao crédito, a percepção de risco macroeconômico, o preço relativo de nossa moeda, a percepção de risco e o apetite por ele capturado pelo preço de opções.

Tais variáveis influenciam as condições de investimento e, portanto, a alocação de capital e disposição ao consumo, com reflexos na atividade econômica no Brasil.

O ICF pode ser calculado em alta frequência. O índice é construído a partir de séries de preços de ativos com frequência diária.

A vantagem do uso de preços de mercado é que, além de serem medidos com alta precisão, capturam informações observáveis para agentes econômicos que nem sempre são capturadas por variáveis macroeconômicas tradicionais (inflação, PIB etc.), refletindo, entre outros fatores, avaliações sobre os impactos futuros da observação de variáveis macro atuais ou passadas.

A limitação é que o índice é sensível a expectativas de mercado que não necessariamente se materializam.