O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual, levando a taxa básica de juros para 3,50% ao ano. A decisão era amplamente esperada pelo mercado e antecipada pela comunicação oficial do Banco Central.

A projeção de inflação da autoridade monetária, ligeiramente abaixo do centro da meta para o próximo ano, corrobora a mensagem de “normalização parcial” da taxa Selic. O comunicado indica que o ritmo do ajuste continuará o mesmo na próxima reunião.

Dessa forma, esperamos uma nova alta de 0,75 ponto em junho, levando a Selic para 4,25% ao ano, e encerrando o ano no nível de 5,25% ao ano.

A decisão do Copom foi baseada na visão de recuperação da atividade “mais positiva do que esperado” no início desse ano e na expectativa de retomada gradual à normalidade. Além disso, reafirma que a inflação de curto prazo continuará pressionada por choques temporários.

A projeção de inflação do BC, que considera a trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus (5,50% ao final de 2021 e 6,25% em 2022) e taxa de câmbio de R$5,40/US$, situa-se em torno de 5,1% em 2021 e 3,4% em 2022.

A estimativa de inflação ligeiramente abaixo do centro da meta para o próximo ano corrobora a nossa percepção de que não há necessidade de normalização integral da taxa de juros nos próximos trimestres.

O comunicado ainda reitera os riscos para o cenário-base. Por um lado, uma recuperação da atividade mais lenta do que o esperado pode levar a uma trajetória de inflação abaixo do esperado. Por outro lado, reitera que novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória das contas públicas ou frustrações nas reformas colocam risco altista para a inflação.

O comunicado manteve a expressão de que o cenário indica necessidade de “normalização parcial da taxa de juros”, ou seja, não pretende levar a taxa Selic para o patamar neutro “ao longo do processo de recuperação econômica”.

Essa sinalização está alinhada com a sua própria projeção de inflação ligeiramente abaixo do centro da meta em 2022, considerando Selic em 5,50% nesse ano e 6,25% no próximo ano.

 

Próximos passos do Banco Central

 

O ajuste na próxima reunião mais célere do que o Safra projetava pode ajudar a ancorar as expectativas de inflação de médio prazo do consenso dos economistas.

Mas nosso cenário-base incorpora uma recuperação da atividade econômica mais lenta do que prevista pela autoridade monetária, incluindo um desempenho ainda hesitante no segundo semestre e persistência da ociosidade no mercado de trabalho. Além disso, entendemos que a melhora do saldo comercial poderá gerar uma valorização da taxa de câmbio, o que também favoreceria as projeções de inflação.

Nesse caso, ajustamos apenas marginalmente nossa expectativa de taxa Selic do final desse ano para 5,25%, com alta de 0,75 ponto em junho, seguida de duas altas de 0,5 ponto em agosto e setembro.