O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira, 23, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada na semana passada. A ata trouxe detalhes sobre discussões relevantes que impactam a expectativa sobre os próximos passos da política monetária.

Assim como no comunicado divulgado na semana passada, o comitê destacou que "vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário será residual".

Essa mensagem é justificada pela avaliação do Copom de que os programas de estímulo ao crédito e de recomposição de renda "têm potencial de recompor parte significativa da demanda agregada que seria perdida devido aos efeitos da pandemia".

Na avaliação da nossa equipe de Macroeconomia, esses programas não deverão conseguir recompor parcela relevante da massa de salários e assim contribuir para a manutenção de apenas parte da demanda agregada.

Dessa maneira, o cenário de forte contração da atividade, com recuperação apenas gradual a partir do segundo semestre, deverá manter a inflação bastante contida, mostrando ao BC que existe espaço para ajuste adicional da política monetária. Assim, nossos especialistas preveem mais três cortes de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic, levando a taxa básica a 1,50% ao ano.

'Lower bound'

Mais uma vez, o BC trouxe a discussão sobre um potencial limite efetivo mínimo para a taxa de juro, e destacou que no caso brasileiro, esse limite estaria acima do observado em economias desenvolvidas por se tratar de uma economia emergente com fragilidades fiscais.

Segundo o comitê, "já estaríamos próximos do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos e potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos".

Para nosso time de Macroeconomia, as âncoras fiscais não deverão ser abandonadas, mantendo assim a expectativa de retomada do processo de ajuste fiscal, mesmo que em outro patamar, já no ano que vem, fator também levado em consideração na projeção para a Selic.