O acompanhamento dos novos casos de contaminação pelo Covid-19 começou a exibir na semana passada os primeiros sinais de estabilização na margem. Ainda assim, nossa equipe de Macroeconomia pondera que ainda é cedo para afirmar que, de fato, o número máximo de contaminados por dia foi atingido. Nesse cenário, o nível de incerteza seguiu bastante elevado.

O destaque da última semana ficou para a ampliação das medidas de injeção de liquidez por parte do banco central dos EUA, Federal Reserve (Fed), anunciadas na manhã de quinta-feira, dia 9, somando cerca de US$ 2,3 trilhões. Entre as propostas, está a compra de até US$ 600 bilhões em empréstimos de pequenas e médias empresas e o lançamento de um programa de US$ 500 bilhões em ajuda financeira a estados e municípios.

A instituição também anunciou uma ampliação significativa no escopo dos ativos elegíveis à compra, permitindo títulos de dívida mais arriscados.

No mesmo dia, o presidente do Fed, Jerome Powell, concedeu uma entrevista em que afirmou que o papel da instituição é prover estabilidade, mantendo as taxas de juros baixas e garantindo um funcionamento adequado do mercado financeiro. Ele também reforçou que a instituição continuará fazendo o que for necessário para garantir que a recuperação seja a mais robusta possível, reiterando que não há limites para as atuações do Fed.

Ainda de acordo com Powell, em um ambiente de taxa de juros ao redor de zero, o foco da instituição será as medidas não convencionais de política monetária.

Powell reconheceu a dificuldade de mensurar quando será o início do período de recuperação econômica, justamente por se tratar de uma pandemia inédita, e não uma questão tipicamente econômica. Até lá, reconheceu que o desemprego deve subir. Contudo, nosso time de Macroeconomia destaca o fato de o presidente ter se mostrado relativamente otimista com a velocidade de retomada da economia americana passada a fase mais aguda da crise.

Na avaliação de nossos especialistas, as medidas que foram anunciadas são bastante importantes e, de fato, devem ajudar a garantir a funcionalidade dos mercados de ativos. Contudo, é inegável que o resultado final de toda essa pandemia será significativamente contracionista do ponto de vista de crescimento econômico.

A respeito da mensuração do desempenho da economia nesse curto prazo, o dado que novamente ganhou bastante destaque foi o de novos pedidos de seguro-desemprego, surpreendendo muito negativamente pela terceira semana consecutiva.

Os pedidos somaram 6,6 milhões na semana encerrada dia 4 de abril, valor próximo do observado na leitura anterior, mas muito acima do previsto pela mediana do mercado (5,5 milhões). Trata-se do pior momento da história para esse indicador.