Após computar a surpreendente alta do IPCA em outubro e a pressão dos preços de alimentos no curto prazo, a equipe de Macroeconomia do Safra decidiu elevar a projeção para o índice de inflação em 2020 de 3,1% para 3,4%. A projeção de 2021 permanece inalterada em 3,5%.

No ano, o IPCA tem alta de 2,22% e nos últimos 12 meses a variação acumulada passou para 3,92%.

Em relação a novembro, os dados recentes da coleta diária de preços do monitor da FGV e a divulgação do IGP-DI de outubro elevaram os riscos inflacionários dos alimentos no curto prazo.

O próprio Banco Central, em sua última ata do Copom, destacou que as recentes pressões são temporárias, mas que merecem ser monitoradas com "atenção", dada a "continuidade da alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do real, da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda".

Em relação aos bens industriais, a aceleração no IPCA observada em setembro continuou em outubro, sinal moderado de repasse cambial, segundo nossa equipe, que já considerava esse repasse parcial da desvalorização do real no último trimestre de 2020 e início de 2021.

Já a inflação de serviços, apesar da aceleração na margem, permanece em nível bastante contido. A elevação deve continuar gradualmente pelos próximos meses, inclusive em 2021, na medida em que o distanciamento social diminui e os aumentos de preços de vários itens que foram adiados devido ao isolamento social venham a se realizar.

Em relação à política monetária, o time do Safra manteve a perspectiva de manutenção da Selic em 2,00% ao ano até o último trimestre do ano que vem, quando a taxa de juros deve começar a ser normalizada e fechar 2021 em 2,50%.