Como se esperava, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu na quarta-feira, 20, manter a Selic em 2,00% ao ano, menor nível da história. No entanto, os dirigentes do Banco Central derrubaram o forward guidance.

Com esse instrumento, a instituição sinalizava comprometimento com o atual grau de estímulos monetários enquanto determinadas condições fossem satisfeitas.

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Esse movimento não fazia parte do cenário-base do nosso time de Macroeconomia, em razão das incertezas da economia na virada do ano, bem como do papel que o forward guidance exercia para reforçar a importância do compromisso do governo com o atual regime fiscal.

O Copom destacou, porém, que uma das condições para a manutenção do instrumento deixou de existir: as expectativas para a inflação deixaram de estar suficientemente abaixo da meta. Além disso, as medidas de inflação subjacente estariam acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta.

Nossos especialistas lembram que o fim do forward guidance não implica mecanicamente elevação de juros. Como o Copom informou em comunicado, “a conjuntura econômica continua a prescrever, neste momento, estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”.

Ainda assim, nossa equipe reconhece que, com a deterioração do cenário de inflação, o processo de aperto da política monetária pode começar já no primeiro semestre, antes do que era previsto pelo cenário-base do Safra, apesar do risco ainda elevado de prolongamento da pandemia.

Uma eventual deterioração das contas públicas, avalia nosso time, pode levar ao início do ciclo de alta já na próxima reunião, em março. Sem isso, o cenário mais provável agora é de alta no 2º trimestre.