A inflação medida pelo IPCA-15, prévia oficial da inflação, acelerou 1,14% em setembro na comparação mensal e atingiu dois dígitos no acumulado dos 12 meses alcançando 10,05%. O resultado ilustra um processo inflacionário desfavorável para a economia brasileira e os valores ficaram acima da nossa já elevada expectativa de 1,09% e 10% respectivamente.

Com uma aceleração acima do esperado, decidimos revisar a projeção do IPCA de 2021 de 8% para 8,3%.

Alta de preços se espalhou pela economia
A alta de preços que até então se limitava para alguns itens, em setembro espalhou pela economia. As surpresas altistas vão de produtos de higiene pessoal a pacote turístico, passando por gás de botijão, aparelhos eletrônicos e carnes.

Esse avanço de preços se reflete nos chamados núcleos de inflação, que são medidas que suavizam ou excluem itens com variação de preço muito volátil. A média de variação anual dos 5 principais núcleos subiu de 8,0% para 8,7% na média móvel de três meses anualizada da série com ajuste sazonal. Além disso, o índice de difusão, que mede a porcentagem de itens com inflação positiva no mês, alcançou 70,9% nessa divulgação.

 

Para 2022, a desinflação prevista irá depender dos preços dos bens industriais e alimentícios e, provavelmente, da energia elétrica e combustíveis.

No lado da inflação de alimentamos, esperamos uma melhora nas condições climáticas no último quadrimestre do ano, permitindo um início de safra de grãos mais favorável do que ano passado. Isso significa que um melhor desempenho nos grãos ajuda a reduzir a pressão no preço de carne.

Em relação aos produtos industriais, há três fatores que devem possibilitar uma desaceleração dos preços.

  1. Deve haver uma normalização nas cadeias industriais, com eliminação de gargalos de produção.
  2. A demanda por bens duráveis deve cair, com o encarecimento do crédito.
  3. A desaceleração da economia chinesa no quarto trimestre de 2021, com impacto direto na construção civil, deve reduzir a demanda por commodities metálicas.

Neste cenário, a atenuação da dinâmica inflacionária pode permitir uma dosagem limitada do aumento de juros pelo Banco Central. Por isso, prevemos uma inflação de 3,8% em 2022, com uma Selic fechando o ciclo de alta em 8,0% em dezembro de 2021.