A inflação ao consumidor medida pelo índice CPI nos Estados Unidos veio em linha com as expectativas. O indicador cheio registrou expansão de 0,4% na comparação mensal, alcançando 5,4% contra setembro de 2020. Já o núcleo da inflação subiu 0,2% e 4,0%, respectivamente.

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Os resultados anuais refletem um efeito base de 0,8 p.p., aproximadamente. O fim desse impacto deverá ocorrer em abril de 2022, reduzindo a comparação anual.

Assim, os dados mensais refletem de maneira mais clara a dinâmica da inflação, que parece ter atingido o pico de alta em junho e vem mostrando desaceleração desde então, como pode ser observado no gráfico.

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Além disso, os itens da cesta de consumo mais ligados à reabertura da economia vêm mostrando um desempenho benigno.

Os preços de transportes, que foram afetados pela forte alta nos preços de automóveis novos e usados passaram a mostrar uma deflação, após pressão altista nos últimos meses.

Além disso, itens de lazer, como passagens aéreas e hospedagem também vêm desacelerando. Quanto à moradia, a alta nos preços parece refletir uma combinação de fatores como a volta dos trabalhadores às cidades grandes, puxando os preços de aluguel.

Além disso, foram encerrados os programas de benefício do governo para pagamento de aluguel, abrindo a possibilidade de reajustes pontuais nos valores cobrados.

Nossa interpretação permanece de que essa alta de custos de moradia é um risco somente para 2022, e apenas um impacto pontual em 2021.

Outros indicadores de inflação divulgados ao longo da semana apontam na direção da nossa interpretação do CPI. Os preços no atacado (PPI), excluindo os itens mais voláteis, registraram alta de 0,1% no mês, ante expectativa de consenso de 0,4%. A média móvel de seis meses anualizada de diversas medidas do PPI estão todas em desaceleração.

Além disso, os preços importados também surpreenderam com uma alta abaixo do esperado, de 0,4% no mês, ante expectativa de consenso de 0,6%. Os preços importados excluindo o petróleo mostraram uma variação ainda menor, de 0,1%.

Esses indicadores são relevantes para as perspectivas dos preços ao consumidor nos próximos meses. A ausência de pressões duradouras indica que a inflação pode mostrar altas mais comedidas nos próximos meses, em linha com nossa expectativa.

Projeções do Fed

As últimas projeções dos membros do Fed apontam para um núcleo de índice PCE em 3,7% ao final de 2021 e 2,3% no próximo ano. Segundo nossas simulações, a inflação nessa medida deve alcançar 4% ao final desse ano, porém deveremos observar uma desaceleração na comparação anual a partir de abril de 2022, por efeito base.

Daí em diante, esperamos que a inflação convirja para 2,5% até o final do ano que vem. Ou seja, a inflação mensal já mostra sinais de melhora, porém a comparação anual só deverá alcançar o pico no final de 2021.

Esse cenário é compatível com o início do processo de normalização da taxa de juros ao final de 2022, com a primeira alta ocorrendo em dezembro, e continuando ao longo dos trimestres subsequentes.