A diminuição da força de trabalho explica a queda da taxa de desemprego no trimestre findo em fevereiro. A taxa de desemprego divulgada pelo IBGE foi de 11,2%, ante 11,5% e 11,4% projetados por nós e pelo mercado, respectivamente.

Após ajuste sazonal, a taxa de desemprego foi de 11,3% em fevereiro, menor número desde 2016. Ainda na série com ajuste sazonal, foram registradas 94,0 milhões de pessoas ocupadas, um aumento de 128 mil em relação à última publicação.

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Esse número ficou em linha com o esperado por nós. Por outro lado, a piora da pandemia em fevereiro e o pagamento do Auxílio Brasil conduziram a uma queda de 114 mil pessoas na força de trabalho, possibilitando a redução da taxa de desemprego.

De fato, a taxa de participação – o número de pessoas economicamente ativas em relação à população em idade de trabalhar - recuou para 61,5% em fevereiro, nível baixo para a série.

Caso a taxa de participação estivesse na média histórica (63,0%), a taxa de desemprego seria de 13,5% ajustada sazonalmente.

Olhando para o emprego formal, o Caged e a PNAD mostraram sinais contrários para fevereiro. O Cadastro Geral de Empregos (Caged) registrou criação de 329 mil vagas no mês, número acima do esperado por nós e pelo mercado (221 e 202 mil vagas, respectivamente).

Considerando a série dessazonalizada por setor, houve geração de 186 mil vagas, em linha com a média dos últimos meses. Dentre as categorias, vimos criação de emprego em sete dos oito setores, na série com ajuste sazonal.

A exceção veio de Administração Pública, em que foram destruídas por volta de 1,3 mil vagas no mês. Por outro lado, a PNAD Contínua não mostrou aumento da população ocupada em trabalhos formais no trimestre findado em fevereiro.

Foi registrada, inclusive, uma queda por volta de 25 mil vagas, na série com ajuste sazonal. Nos detalhes, podemos ver que essa redução veio dos trabalhadores por conta própria, cujo número começou a diminuir nos últimos seis meses.

Outra queda foi a do número de empregados no setor público, confirmando o achado nos dados do Caged. Enquanto isso, os empregos informais apresentaram pequena alta no mês.

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Por fim, o rendimento real médio habitual da população ocupada ficou praticamente estável, passando de R$ 2.518 para R$ 2.519, na série com ajuste sazonal.

Importante ressaltar que o rendimento real, ao fim de 2021, estava em seu nível mais baixo desde o começo da série histórica, março de 2012, não obstante o significativo aumento nominal do salário-mínimo em janeiro, refletido no aumento do rendimento nominal.

A inflação do ano, que alcançou 10,1% no ano passado, corroeu o poder de compra da remuneração do trabalhador. A massa salarial por seu lado apresentou crescimento de 0,3% por conta do crescimento da população ocupada, mas permanece 7,3% abaixo do nível de fevereiro de 2020.

Olhando à frente, não vemos muito espaço para uma grande melhora do mercado de trabalho em 2022. O crescimento do emprego, por conta da reabertura da economia já tendo cumprido seu curso, e a fraqueza do consumo, devido à inflação e à resposta da política monetária, apontam para uma estagnação na geração de emprego ao longo do ano.

A taxa de desemprego deve ficar por volta do patamar atual, ou até piorar um pouco, caso a taxa de participação da população na força de trabalho venha a subir.