A taxa básica de juros da economia, a taxa Selic, atingiu um novo recorde de baixa: 3% ao ano. A decisão por um corte de 0,75 ponto percentual surpreendeu o mercado, que aguardava uma redução de 0,50 ponto percentual, e foi anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na noite desta quarta-feira.

No comunicado da decisão, o Banco Central afirmou que "para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19".

Deste modo, nosso time de Macroeconomia ajustou a projeção para taxa Selic, agora em 2,25% ao ano. A próxima reunião de política monetária está agendada para os dias 16 e 17 de junho. Esse patamar de 2,25% ao ano, segundo nosso time de especialistas, deve ser mantido ao longo de 2020 e 2021.  

Já as estimativas de inflação do nosso time de Macroeconomia permanecem em 1,7% neste ano e 3,2% no próximo.

Momento pede estímulo elevado

Segundo comunicado divulgado pelo Banco Central, a conjuntura econômica “prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado”.

Nosso time de Macroeconomia lembra, no entanto, que recentemente o BC havia demonstrado preocupações quanto a estímulos adicionais, “como o risco de deterioração permanente das contas públicas (que poderia ser agravado em caso de uma crise política mais aguda), a preocupação com o efeito da queda da Selic sobre as taxas de juros mais longas e a possível elevação da taxa de juros neutra”.

A autoridade monetária, no entanto, permanece dando alguns sinais de cautela. “Olhando à frente, o BC, ainda um pouco cauteloso, destacou que ‘a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo", escreve nosso time de Macroeconomia em relatório.

Na manhã da próxima terça-feira será divulgada a ata da reunião, trazendo mais detalhes sobre a discussão que levou à decisão de política monetária.