O resultado dos indicadores econômicos de março e abril reforçou a avaliação de que estamos diante do pior ano para o crescimento econômico já registrado desde a Segunda Guerra Mundial, o que deve ter efeitos duradouros, na avaliação do nosso time de Macroeconomia.

Apesar da recessão ligada à pandemia do coronavírus se assemelhar a uma crise gerada por desastres naturais, que costuma ter uma recuperação mais acelerada depois de passada sua fase mais aguda, parte dos impactos terá efeitos prolongados.

A destruição de capacidade produtiva e a demora para recuperação do emprego são dois agravantes para a recuperação mais lenta, e as medidas fiscais e monetárias implementadas pelos governos serão determinantes para uma recuperação já a partir de 2021.

Contração do PIB mundial deve superar 1,5%

Projeções de crescimento do PIB mundial calculadas pelos Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Economist Intelligence Unit (EIU) demonstram estimativas dispersas. Para o nosso time, é bastante provável uma contração de mais de 1,5% do PIB mundial em 2020.

Seguro-desemprego traz alerta nos EUA

Novamente, se destacou o número alto de novas solicitações de seguro-desemprego. Na semana encerrada no último dia 10, esses pedidos somaram 5,2 milhões, marcando a quarta semana de números na casa dos milhões, situação inédita na história até então.

O time de Macroeconomia do Safra ressalta esse quadro sinaliza uma situação bastante crítica do mercado de trabalho em abril. Os dados completos serão conhecidos apenas no dia 8 de maio, mas alguns especialistas já estimam o fechamento líquido de mais de 10 milhões de vagas apenas no mês de abril. Se confirmado, esse seria o pior resultado da série histórica.

As restrições de mobilidade determinaram uma contração significativa do comércio varejista em março. O único setor a apresentar avanço foi o de alimentos e bebidas, que cresceu 25,6%, todos os outros segmentos exibiram quedas significativas em relação a fevereiro. 

O perfil negativo de resultados não é exclusivo do setor de serviços. Os índices de manufatura já disponíveis para o mês de abril exibiram quedas extraordinárias, bem maiores que as estimadas. Indicador que mede a atividade industrial, o PMI da região de Nova York passou de -21,5 pontos em março para -78,2 em abril, enquanto o consenso estava em -35,0 pontos. 

Reponderado pelo ISM, o índice passou de 49,1 pontos em março para 30,5 pontos, portanto abaixo da  marca de 50,0 pontos, o que indica contração da atividade na região. 

Com dinâmica semelhante, o índice PMI da indústria da Filadélfia recuou de -12,7 em março para -56,6 pontos em abril, bastante abaixo do consenso, em -32,0 pontos. Reponderado pelo ISM, o índice passou de 48,1 para 30,2 pontos, também abaixo dos 50 pontos.

PIB da China tem forte queda

Na semana passada, também foi destaque a divulgação dos dados de atividade na China referentes ao mês de março e ao primeiro trimestre de 2020. Destaque para o resultado do PIB, cuja queda ficou em 6,8%, um pouco mais forte que a esperada pelo mercado, de 6,0%. 

Outro segmento a apresentar queda foi o das vendas no varejo, que recuaram 15,8% em março, superando a contração prevista pelo consenso, de 10,0%. Por outro lado,  o desempenho  da  produção industrial foi menos negativo do que se esperava: houve recuo de 1,1% em março, enquanto a expectativa mediana estava em -6,2%.