A Anatel realizou o leilão para as frequências de 700 MHz, 2,3 GHz e 3,5 GHz. O valor total pago pelas frequências foi de R$ 7,1 bilhões, com ágio sobre o preço mínimo de 247%.

Nosso entendimento é que, apesar do enorme prêmio sobre os preços mínimos, parte desse ágio deverá ser convertido em compromissos de investimentos a serem definidos pela Anatel. Portanto, não é necessariamente um licenciamento com pagamento à vista.

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Também observamos que o preço da licença em dinheiro pode ser financiado com a Anatel em 20 parcelas anuais, corrigidas pela taxa Selic.

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Em 700 MHz, o país ganhou um novo player nacional no serviço móvel. A Anatel leiloou o bloco remanescente do leilão de 2014 na frequência de 700 MHz. O único bloco, com tamanho de 20 MHz, foi vencido pelo Pátria, com a oferta de R$1,4 bilhão, 9 vezes o preço mínimo.

Acreditamos que a Pátria deve fornecer infraestrutura neutra para players móveis, que podem ser os grandes players ou players de nichos regionais específicos.

Além disso, não houve ofertas para o 4º bloco nacional em 3,5GHz. Como esperado, as 3 grandes operadoras de telecomunicações obtiveram os blocos nacionais na frequência de 3,5 GHz, com a Claro arrematando o primeiro bloco por R$338 milhões (+5% sobre o preço mínimo), a Vivo ficando com o segundo bloco por R$420 milhões (+31 % prêmio) e a TIM pagando R$351 milhões pelo terceiro bloco (+9% prêmio).

O maior prêmio pago pela Vivo (31%) se deve à vantagem técnica do segundo bloco. Por ser o bloco do meio, facilita o RAN Sharing com as demais frequências próximas.

Após as 2 rodadas de blocos de 3,5 GHz, o 4º bloco nacional foi dividido e leiloado em 4 vias (20 MHz cada). Como esperado, Claro, TIM e Vivo foram as únicas licitantes pagando o preço mínimo de R$80 milhões cada uma.

Com esses 20 MHz adicionais, as três terminaram com 100 Hz na frequência de 3,5 GHz. Por outro lado, o investimento inicial pago em dinheiro deve crescer para R$2,0 bilhões (se somarmos o preço mínimo dos investimentos para limpeza do espectro, rede de fibra na Amazônia e rede privada do governo).

Portanto, a Vivo e a TIM deveriam desembolsar entre R$2,5 bilhões e R$2,9 bilhões cada (se somarmos os preços das licenças aos desembolsos de 3,5 Ghz para cumprir os preços altos para os blocos regionais).

Não vemos grandes surpresas na frequência de 3,5 GHz (a frequência mais adequada para a tecnologia 5G), com as três grandes teles ganhando os blocos nacionais, como esperado.

A Sercomtel venceu o bloco C2 (região Norte mais São Paulo), pagando R$82 milhões. A Brisanet conquistou os blocos das regiões Nordeste (C4) e Centro-Oeste (C5), mas a um preço altíssimo. A Brisanet pagou R$1.250 milhões (+ 13.700% ágio) pelo bloco C4 e R$105 milhões (+ 4.000%) pelo C5.

O Consórcio 5G Sul, composto pela Copel e Unifique, venceu o bloco da região Sul, enquanto a Cloud2U venceu o bloco referente à região Sudeste menos São Paulo. Como esperado, a Algar venceu o bloco de seu território (Triângulo Mineiro), pagando R$2,4 milhões.

A mediana do prêmio pago pelas empresas foi de 2.755% sobre os preços mínimos. A média foi de 4.400%.

Na faixa de 2,3 GHz, o leilão foi mais competitivo do que o esperado. A Claro foi a que mais gastou na frequência, pagando um total de R$1,2 bilhão para arrematar blocos de 50 MHz nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul, além dos blocos nos estados de São Paulo e Minas Gerais (área da Algar).

Como a Algar perdeu o bloco de 50 MHz em sua área, foi forçada a pagar um prêmio de 1000% pelo bloco de 40 MHz, o último do leilão de ontem.

A Brisanet foi a única vencedora do Nordeste, em 3,5 GHz e 2,3 GHz, embora a um preço elevado.

A Claro foi a que mais gastou, pagando um total de R$1,6 bilhão por todos os blocos, seguida pela TIM com R$976 milhões e a Vivo com R$967 milhões. A Highline, que poderia surpreender neste leilão, terminou sem nenhum bloco.

Visão positiva para TIM e Vivo

Apesar da enorme quantidade de espectro vendido, e do tamanho do ágio, que confirma o interesse de novos players em atuar no mercado móvel brasileiro, ainda vemos uma competição apenas de nicho.

Portanto, mantemos uma visão positiva para as ações da TIM e da Telefônica Brasil com base no valuation atrativo e no potencial resultado positivo da aquisição dos ativos móveis da Oi.

Os investimentos da Vivo e da TIM em novas radiofrequências ficaram acima de nossa estimativa de R$2 bilhões por empresa, entretanto, não estávamos considerando aquisições de blocos de 2,3 GHz.