Em meio a uma taxa de desemprego maior e uma recuperação mais lenta no segundo semestre, nosso time de Macroeconomia revisou a projeção para o PIB em 2020. A economia brasileira deve terminar o ano em queda de 4,4%, segundo nossos especialistas, que antes previam recuo de 2,8%.

No segundo trimestre, a expectativa foi revisada de queda no PIB de 8,0% para 8,6%. Apesar das medidas anunciadas pelo governo para a manutenção do emprego, é esperada uma forte queda da ocupação no curto prazo.

Após a queda de quase 10% nos dois primeiros trimestres do ano projetada pela nossa equipe de Macroeconomia, o ritmo de crescimento na segunda parte de 2020 deve ser mais lento do que o esperado. No terceiro trimestre, a estimativa de expansão foi reduzida de 6,7% para 3,9%. Já no quarto trimestre, a previsão passou de 8,0% a 7,5%.

Um dos panos de fundo para o ajuste nas estimativas foram os dados das vendas paulistanas na primeira quinzena de abril, divulgados pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O comércio na capital registrou uma queda média de 65,5% na comparação com igual período de março. Na comparação com a primeira quinzena de abril de 2019, o recuo foi de 65,5%.

Nesse cenário, nossos analistas acreditam que, após atingir um pico de cerca de 14,5% em meados do ano, a taxa de desemprego deve recuar lentamente e encerrar 2020 em 13,7%, descontados os efeitos sazonais. Assim, o número de desempregados verá crescimento de 1,8 milhão de pessoas. Na média, a taxa de desemprego esperada para o ano é 13,6%, 1,7 ponto porcentual acima do observado no ano passado.

Força de trabalho

Nosso time de Macroeconomia alerta, contudo, que a estatística de taxa de desemprego pode mascarar a situação nos próximos meses, uma vez que ela é calculada como uma proporção dos desocupados dentro da população economicamente ativa.

Diante das restrições de mobilidade, nossos especialistas acreditam que muitas pessoas não conseguirão efetivamente procurar emprego no período de referência da pesquisa. Isso reduzirá a taxa de participação da força de trabalho, limitando a alta do desemprego.

Carrego estatístico

A equipe de Macroeconomia do Safra destaca que, se fosse mantido ao longo de 2021 o mesmo nível de crescimento do final de 2020, o PIB teria crescimento de 5,1% no próximo ano. Assim, a projeção atual de avanço de 3% do PIB em 2021 tem viés de alta.