Os mercados financeiros globais registraram mais uma semana de fortes perdas. Na Ásia, Europa, nos Estados Unidos e no Brasil os mercados seguiram na mesma direção negativa. Embora com magnitudes diferentes, tornou-se comum observar perdas superiores a 10% nos principais índices de ações no acumulado destes últimos dias.

Por aqui, Ibovespa caminha para encerrar a semana com perdas acima de 15%. O dólar também chamou atenção. Em forte trajetória de alta, a moeda chegou a superar a marca dos R$ 5,20.

Durante a semana, os investidores buscaram avaliar o avanço do coronavírus no mundo e seus impactos nas economias. A percepção da crise piorou, o que levou uma série de agentes econômicos a revisarem suas projeções de crescimento, observando, agora, uma probabilidade elevada de recessão. Ao mesmo tempo, governos e bancos centrais seguiram anunciando medidas de estímulos.

Relembre, abaixo, os principais assuntos dos últimos dias.

 

Avanço do coronavírus

A Itália tem, cada vez mais, ganhado destaque na comunidade internacional pelo aumento no número de novos casos. Já são mais de 47 mil pessoas infectadas, com o número de mortos ultrapassando a marca dos 600.

Segundo dados atualizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta sexta-feira, já são mais de 210 mil casos confirmados no mundo. O número de mortes ultrapassa os 9 mil.

No Brasil, a semana foi de rápido crescimento no número de infectados. Segundo dados compilados pela imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, são 645 casos confirmados, com 7 mortes.

A boa notícia fica para a província chinesa de Hubei, local onde surgiram os primeiros casos da Covid-19 no mundo. Por lá, não foram registrados novos casos de contaminação local nos últimos dias, embora continue a importar casos de viajantes infectados de outras províncias.

 

Percepção da crise piora

Esta semana foi marcada por um crescimento na aversão a risco à medida que o coronavírus seguiu avançando, principalmente na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil.

Como consequência à evolução da doença, tem se tornado mais comum governos adotarem medidas de restrição à circulação de pessoas, como fechamentos de fronteiras, comércio, indústrias, serviços, entre outros. Em alguns casos, foi declarada quarentena total.

Essa paralisia na economia tem gerado uma onda de revisões nas projeções de crescimento ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a palavra recessão já se torna uma realidade próxima. Grandes bancos passaram a prever esse cenário, como o JPMorgan, que atualizou suas estimativas para uma queda de 1,8% do PIB norte-americano neste ano.

 

Safra revisa projeções e prevê recessão

O time de Macroeconomia do Safra também revisou suas principais projeções para este ano, de modo a incorporar os efeitos do coronavírus na economia brasileira.

Desse modo, a estimativa para o PIB brasileiro foi atualizada de crescimento de 1,6% para uma recessão, com queda acumulada de 0,3% no ano.

Esse novo cenário altera a perspectiva para a inflação, com o IPCA projetado agora em 2,5% neste ano. O câmbio deve continuar volátil no curto prazo, mas a expectativa é que parte da desvalorização seja devolvida ao longo do ano, encerrando 2020 cotado a R$ 4,50.

Em relação às projeções para a taxa Selic, nosso time de Macroeconomia projeta mais uma redução de 0,5 ponto percentual na reunião de política monetária de maio, estabilizando-se em 3,25% ao longo deste e do próximo ano. Clique aqui e confira em detalhes o cenário do banco, bem como uma avaliação de como posicionar seus investimentos neste novo ambiente.
 

Resposta financeira de governos e bancos centrais

Nas últimas semanas, a reação financeira à crise esteve centrada em cortes de juros por diversos bancos centrais ao redor do mundo. Nesta semana, observamos uma ampliação no uso das ferramentas disponíveis para fazer frente aos impactos da crise.

As novas rodadas de estímulo tiveram início no domingo, quando o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, realizou uma reunião extraordinária e anunciou, além da redução dos juros para um nível próximo a zero, um programa de recompra de ativos no valor de US$ 700 bilhões.

No mesmo dia, foi anunciada uma ação coordenada entre os bancos centrais dos EUA, Zona do Euro, Japão, Suíça, Inglaterra e Canadá, de modo a injetar mais liquidez de dólares nos mercados.

Na Europa, o Banco Central Europeu anunciou na quinta-feira um programa de compra de ativos avaliado em € 750 bilhões. Um dia antes, o banco central da Inglaterra também havia reforçado seu programa de compra de ativos, para £ 645 bilhões. França, Espanha e muitos outros países também divulgaram uma série de programas bilionários para fazer frente aos impactos do coronavírus na economia.

Por aqui, o Banco Central brasileiro anunciou na noite de quarta-feira um corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, a taxa Selic, agora no patamar de 3,75% ao ano.

O Governo também decretou estado de calamidade pública, em medida já aprovada pelo Congresso nesta sexta-feira. Segundo nosso time de Macroeconomia, essa é uma iniciativa na direção correta, pois permite elevar os gastos do governo para fazer frente à crise sem abrir mão do teto de gastos e da regra de ouro.