Os desafio impostos pela crise do Covid-19 continuam sendo os temas mais relevantes da atualidade. Por isso, convidamos o Dr. Paulo Chapchap, diretor geral do Hospital Sírio Libanês, formado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em clínica cirúrgica também pela USP, para conversar conosco em nosso canal do YouTube sobre esses desafios e também tirar outras dúvidas acerca da doença.

Veja os principais pontos abordados:

Isolamento social

Para o médico, não há dúvidas de que a única forma de isolamento que possui um bom resultado para mitigar a transmissão do vírus é o horizontal, ou seja, aquele em que todos se isolam, mesmo os que não fazem parte de grupos de risco.

A projeção é que a doença registre um pico nas próximas duas a três semanas, permanecendo então nesses níveis por mais duas semanas.

Nesse cenário, Chapchap afirma que se formos contundentes e disciplinados, quanto às medidas de restrição de circulação, o isolamento deve durar mais dois meses, com medidas paulatinas de liberação dos cidadãos a partir de junho.

O fim da quarentena deve ser iniciado pelos profissionais das áreas mais necessárias à sustentabilidade da sociedade,, dos jovens e daqueles que já estão imunes à Covid-19, evitando assim um segundo pico da doença.

Testes

Chapchap explica que existem dois tipos de testes: o que detecta o vírus no corpo do infectado e o que detecta a presença de anticorpos para o vírus, isto é, identifica pacientes que já tiveram contato com a doença e desenvolveram imunidade a ela.

Ao comentar especificamente sobre os hospitais, o médico afirma que todos os profissionais de saúde, ao demonstrarem os primeiros sintomas de gripe, devem fazer o teste que detecta a presença do vírus no corpo. Se positivo, esses devem se afastar do trabalho, para que não infectem pacientes e nem colegas de trabalho. Pacientes com internação hospitalar também são testados, de modo a definir qual será o grau de isolamento necessário.

Como a iniciativa privada pode contribuir com os profissionais de saúde

Chapchap explica que existem diferentes maneiras de se contribuir. Uma é a tradicional, por meio da doação de recursos. Outra contribuição pode vir por meio das indústrias, ao transformarem suas linhas de produção para que fabriquem materiais necessários aos profissionais de saúde, como máscaras e aventais.

Adicionalmente, as empresas também contribuem com o achatamento da curva de infectados ao permitir que os funcionários trabalhem de modo remoto.

Atitudes que podemos ter para auxiliar na prevenção

O médico listou algumas atitudes simples que podemos ter para contribuir com o achatamento da curva de transmissão e com a prevenção da Covid-19.

  • Sair de casa apenas quando necessário;
  • Manter o distanciamento de dois metros;
  • Tossir ou espirrar de forma responsável – nunca tossir na mão;
  • Lavar as mãos e o antebraço com frequência.

O médico defende que essas iniciativas podem tornar os cidadãos agentes do seu próprio cuidado, contribuindo para o trabalho dos profissionais de saúde.

Cloroquina

Ainda não há estudos conclusivos a respeito desse medicamento, segundo o médico. Ele afirma que nas próximas semanas teremos os resultados de algumas pesquisas que estão sendo feitas. Entre elas, uma que envolve mais de 100 hospitais, incluindo o Sírio Libanês.

Chapchap também explica por qual motivo esse medicamento não é aplicado em todos os pacientes com doença, já que foram obtidos alguns resultados positivos acerca do uso. O maior motivo ocorre pelo fato de a Cloroquina não ser isenta de toxicidade, ou seja, o remédio podendo causar impactos negativos e até levar a fatalidades, especialmente de pacientes com doenças cardíacas.

O mundo médico pós-coronavírus

Chapchap diz não ter dúvidas de que haverá muito mais cooperação internacional após a pandemia atual. Ele prevê que haverá mais união entre países para que haja o desenvolvimento colaborativo de novos medicamentos e vacinas.

“O mundo vai mudar muito em relação ao que era antes da pandemia”, afirma. “Vamos nos organizar de formas diferentes, ter mais consciência coletiva. Essa é uma doença de todos, que transcende divisões de classes e de países. Nós vamos sair mais preparados para enfrentar outros desafios que possam surgir”, complementa.

O médico também comentou sobre as obras para possibilitar a ampliação dos atendimentos, o SUS, aprendizados que podemos ter com outros países e muitos outros assuntos. 

Você pode acompanhar a entrevista completa no vídeo abaixo:

 

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