O medo que vem predominando nos mercados, provocado pela expansão do coronavírus em todo planeta, foi acentuado pelo colapso dos preços do petróleo. Como resultado, o Ibovespa, principal índice de ações do país, terminou a semana em baixa de 15,6%, valendo 82.677 pontos. Em valor de mercado, foram apagados quase R$ 600 bilhões da Bolsa brasileira.

No mercado cambial, mesmo com a atuação do Banco Central, o dólar durante a semana chegou a ultrapassar os R$ 5 pela primeira vez. Ao fim dos negócios na sexta-feira, a moeda americana era cotada a R$ 4,82, acumulando alta de 4% desde segunda-feira.

Veja a seguir os fatos que marcaram a semana mais difícil desde 2008 no mercado brasileiro.

Choque de petróleo

A semana começou com sentimento de pânico por conta da guerra de preços deflagrada pela Arábia Saudita contra a Rússia. Os sauditas cortaram os preços e ameaçaram inundar o mercado da commodity ao incrementar sua produção. A postura resultou na maior desvalorização diária do barril desde a Guerra do Golfo.

Nosso time de Macroeconomia destacou que a mudança nos preços do petróleo tem efeitos na economia real. Se, por um lado, essa pode ser uma boa notícia para os consumidores, por outro lado há uma preocupação com o desempenho das grandes empresas petrolíferas e no sentimento de aversão a risco.

Governo e Congresso em atrito

Em meio a uma disputa pelo controle de recursos do Orçamento, o Congresso derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro à ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O Ministério da Economia afirmou que o aumento eleva em mais de R$ 20 bilhões o gasto da União em 2020.

O assunto adicionou ainda mais tensão nos mercados de ativos, com o Ibovespa, a curva de juros e a taxa de câmbio reagindo de maneira fortemente negativa.

OMS declara pandemia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou pandemia de coronavírus, diante do aumento substancial de novos casos de infectados fora da China. A avanço da doença provocou perdas ao longo de toda a semana, sobretudo à medida em que o mercado considerava as ações das autoridades insuficientes.

A injeção de US$ 1,5 trilhão pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), por exemplo, não diminuiu o pânico dos investidores. O Banco Central Europeu, por sua vez, optou por não cortar os juros. Mas nosso time de Macroeconomia apontou que, em compensação, a autoridade monetária anunciou um amplo pacote de medidas, como a compra de 120 bilhões de euros até o fim do ano.