Com shoppings, aeroportos e empresas vazios, mas parte da população trabalhando de casa, o padrão de consumo de energia mudou durante a pandemia. O setor elétrico também tem sentido atrasos nos investimentos e redução da demanda. Para entender como a maior geradora privada de energia do país está enfrentando os impactos da crise, convidamos Eduardo Sattamini, presidente da Engie Brasil Energia, para uma conversa transmitida em tempo real na quinta-feira, 18.

Para entender sobre as operações da empresa, veja abaixo:

Sattamini nos contou que, no início da pandemia, as principais preocupações que conduziram a reação da Engie Brasil Energia ao coronavírus foram em garantir liquidez de caixa e segurança para os colaboradores e as operações da empresa.

Desde 2016, quando Sattamini assumiu o comando da empresa, foram conduzidos grandes investimentos em infraestrutura informática, o que tornou possível que as operações seguissem tranquilas mesmo com boa parte dos colaboradores em home office.

Outra iniciativa adotada pela Engie Brasil Energia foi a de captar recursos com seus investidores e com o BNDES, para garantir o necessário para dar continuidade com suas obras, como a linha de transmissão de Campo Largo, em Goiás.

A falta de coordenação entre o governo federal e os estaduais e municipais preocupou Sattamini no início, visto que alguns prefeitos sancionaram decretos paralisando as obras da Engie, mesmo com todos os protocolos de segurança sendo seguidos e até ampliados, como a testagem de todos os colaboradores. Para contornar essa situação, a empresa dialogou com os prefeitos e foram promovidas estratégias conjuntas de enfrentamento ao coronavírus, como a implementação de barreiras sanitárias nas cidades.

Esses compromissos e outras iniciativas abordadas por Sattamini garantiram que a Engie Brasil Energia não tenha nenhuma obra atrasada, com exceção de Iporangas.

Riscos e preocupações

Com boa parte da empresa em home office, Sattamini acredita que esse regime se mostrou eficiente e deve continuar a ser adotado pela empresa, provavelmente em cronograma de rotação (3 dias presenciais, 2 em home office). Ele observa que a produtividade de seus colaboradores se manteve a mesma, apesar da distância.

Sattamini explica que a assinatura dos financiamentos com o BNDES para as obras de Campo Largo, Gralha Azul e Novo Estado, importante para a entrega desses empreendimentos no prazo correto, ocorreram quando a pandemia já havia começado.

Por enquanto, todos os percalços enfrentados pela Engie Brasil estão controlados, diz. Portanto, por ora ele não vê necessidade de captação de mais recursos e acredita que o caminho para os próximos meses é de recuperação, apontando que os resultados em maio vieram melhores do que os de abril.

O faturamento da empresa em alguns segmentos caiu, especialmente em contratos com aeroportos e shoppings, que sofreram forte queda em suas atividades. Para evitar uma potencial inadimplência, a Engie refinanciou as parcelas e estendeu os prazos desses contratos, iniciativas que geraram bons resultados. 

Do ponto de vista regulatório, um dos que mais gera preocupações para os acionistas da empresa, Sattamini diz que as conversas estão evoluindo e podem virar mudanças concretas e mais efetivas.