O cenário gerado pela crise do coronavírus ainda é incerto e causa muitas dúvidas. Por isso, convidamos a colunista do jornal O Estado de S. Paulo Sonia Racy para conduzir a conversa com o médico e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Sidney Klajner, sobre os principais impactos da doença no sistema de saúde e o que podemos esperar dos próximos meses. 

Veja os principais pontos abordados:

A quarentena é realmente necessária? 

O médico entende que sim, visto que o vírus tem uma alta taxa de transmissibilidade e um potencial alto de agravamento do quadro do paciente, fazendo com que ele precise de respiradores mecânicos, encontrados apenas nas unidades de tratamento intensivo. Klajner afirma: “A única atitude que se mostrou certeira para controle dessa pandemia é o confinamento. Ele diminui o número de disseminadores, o que é importante para que o sistema de saúde seja capaz de atender todos os pacientes que vão exigir hospitalização”. 

Quais as maiores dificuldades que o sistema de saúde enfrenta? 

Klajner relata que o Brasil tem um número satisfatório de leitos de UTI. São 26 para cada 100 mil habitantes, a quarta maior proporção do mundo. Antes do início da pandemia, a Itália tinha 12, por exemplo. O problema é que esses leitos de UTI estão mal distribuídos, visto que a cada 8, apenas 1 está no setor público. 

O médico também enumera algumas outras dificuldades que o Brasil enfrenta, como por exemplo: 

  • Não há testes suficientes para avaliar todos os casos suspeitos de coronavírus;

  • 52% da população possui sobrepeso, o que pode ser um fator de risco, assim como a diabetes e doenças cardiovasculares; 

  • Desigualdade social, que faz com que idosos e outras pessoas de grupos de risco morem em ambientes pequenos e pouco ventilados e não possam se isolar propriamente de pessoas contaminadas, ou que saem todos os dias para trabalhar e podem retornar contaminados. 

O que podemos esperar dos próximos meses?

Klajner considera que a quarentena deve ser mantida pelos próximos meses, para que se possa achatar a curva de transmissão e ter leitos suficientes para atender as pessoas de maneira adequada, buscando a menor taxa de mortalidade possível. 

No entanto, o especialista ressalva que também é importante a preocupação com a economia: “Há de ter uma ação balanceada entre a saúde e o setor econômico, que é algo que o governo tem feito desde já.  Esse balanço é o que fará com que se diminua a transmissibilidade, mas também se possa mitigar o efeito negativo na vida das pessoas, o desemprego, a diminuição da produtividade”. 

O médico também comentou sobre outras alternativas para diminuir a transmissão, iniciativas do hospital Albert Einstein em colaboração com o governo e muitos outros assuntos.

Você pode acompanhar a entrevista completa no vídeo abaixo:

Esta foi a segunda entrevista sobre Coronavírus que conduzimos nesta semana. Também falamos com o presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira Israelita Albert Einstein, Claudio Lottenberg. Você pode rever a conversa clicando aqui.

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