As medidas de combate ao coronavírus penalizaram duramente o setor do varejo. Para entender as perspectivas para o segmento e as possíveis oportunidades, o Safra conversou com Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), e Flávio Rocha, presidente do conselho de administração do Grupo Guararapes, que inclui as lojas Riachuelo.

Para os especialistas, os pequenos e médios negócios são particularmente afetados pela crise, já que possuem baixo capital de giro. Segundo Rocha, nos casos mais robustos, ele contempla reservas para um mês da empresa. Por isso, as principais medidas de apoio devem focar nos empreendedores menores.

Silva concordou e afirmou que o IDV tem trabalhado junto a autoridades do governo para garantir que o crédito chegue aos negócios que mais precisam. Para Rocha, ainda assim, o varejo deve ser o setor mais afetado pela crise atual.

Mudanças no consumo

Silva e Rocha ressaltaram o salto do e-commerce com a chegada da pandemia, que levou parte dos brasileiros a cumprirem recomendações de isolamento. “É uma aceleração fantástica e surpreendente da inclusão digital”, afirmou o presidente do Grupo Guararapes, que celebrou a mudança.

Ao mesmo tempo, ainda é difícil quantificar os resultados digitais para as empresas e também avaliar mudanças no comportamento do consumidor nos próximos meses.

Estímulos e retomada

As ações do governo anunciadas até o momento para mitigar os impactos econômicos da crise são satisfatórias, na avaliação do líder do Grupo Guararapes. Ele destaca as medidas ligadas à flexibilização dos contratos de trabalho e da manutenção da liquidez das empresas.

Para Rocha, ampliar a liquidez é suficiente para lidar com a curva do desempenho econômico, se os impactos do vírus ficarem concentrados em um período de 90 dias, como sinalizam experiências como a chinesa. Silva acrescentou que a situação fiscal do governo deve ser observada, mas o momento é de ampliar os estímulos, com um orçamento que atenda o combate à crise. 

Referências no setor de varejo, os especialistas comentaram ainda que esperam ver uma flexibilização das medidas de isolamento social em breve. Para Silva, a expectativa é de uma desaceleração da transmissão do coronavírus a partir de maio, o que permitirá a reabertura gradual dos negócios. Ele observou, contudo, a importância de que a retomada ocorra de forma coordenada entre os governos estaduais e federal, e com planejamento.

Rocha defendeu que deve existir uma preocupação tanto com a economia quanto com a saúde. Na sua avaliação, a saída do isolamento deve ocorrer por regiões que devem ser avaliadas uma a uma, considerando também a situação do sistema de saúde local.

Confira a entrevista completa abaixo.