A terça-feira foi novamente um dia de ganhos no mercado brasileiro. O Ibovespa subiu 1,4% e ficou muito perto de recuperar o nível dos 80 mil pontos, perdido há um mês. As bolsas americanas desta vez também tiveram um resultado positivo, e fecharam em firme alta.

Dados sobre a economia chinesa contribuíram para o tom positivo. As importações no país caíram menos de 1% em março, na comparação anual. O resultado veio muito melhor do que a queda de quase 10% que o mercado esperava. Vale destacar que o PIB da China no primeiro trimestre será divulgado amanhã.

E hoje saem mais indicadores importantes, desta vez sobre a economia americana. Serão conhecidos os números de março para produção industrial e vendas no varejo. Assim como vem acontecendo com os dados de seguro-desemprego, os impactos do coronavírus deverão enfim aparecer nesses dados. Por isso, o mercado espera um recuo de 7,5% no comércio, e de 4,1% na indústria, na comparação mensal.

Na segunda-feira, mostramos que o Banco Mundial prevê que a economia brasileira sofrerá uma contração de 5% em 2020. Ontem, foi a vez do FMI revelar suas projeções. Segundo o fundo, o PIB do Brasil fechará o ano com uma queda de 5,3%.

E o cenário traçado para a economia do mundo também é preocupante. Segundo o FMI, o crescimento global vai encolher em 3%, o que seria o pior resultado desde a crise de 1929. A previsão anterior da instituição para o crescimento global era de alta de 3,3%.

Aqui no Brasil, seguimos acompanhando as medidas adotadas pelo governo para fazer frente à crise do coronavírus. Entrou no radar o lançamento de mais um programa de crédito, agora direcionado a empresas de menor porte, com faturamento anual de até R$ 360 mil. A Caixa Econômica Federal deverá bancar cerca de R$ 10 bilhões para a nova linha de crédito, que busca aliviar o caixa de milhões de microempresários durante a pandemia.

O governo também preparou um proposta de socorro a Estados e municípios de R$ 77 bilhões. Esse valor se somaria à ajuda de R$ 50 bilhões que já havia sido anunciada. A ideia do Planalto é que a proposta tome o lugar do texto aprovado pelos deputados, considerado leniente pelo governo federal.

Começam também a surgir dados sobre as medidas anunciadas anteriormente. Segundo o Ministério da Economia, já houve mais de 1 milhão de acordos entre empresas e trabalhadores para reduzir jornada ou suspender contratos durante a crise. Nesses acordos, o governo entra com uma compensação parcial da remuneração.

O ministro do STF Ricardo Lewandowski já afirmou que a validade desses acordos entre patrões e empregados é imediata, mas que é preciso um aval posterior dos sindicatos. Para técnicos do governo, a manifestação do ministro deu mais segurança jurídica para a medida.

O plenário do STF ainda vai decidir se ratifica ou não a decisão do ministro. A discussão deve entrar em pauta na sessão de amanhã. Seguiremos atentos às discussões no Judiciário, que deverão voltar aos holofotes a partir de hoje, quando o conjunto dos magistrados passará a se reunir por videoconferência.

Veja os comentários do nosso estrategista Jorge Sá:

Países começam transição após isolamento

Como falamos ontem, diversos países na Europa começam a liberar gradualmente suas políticas de isolamento. Esses movimentos são calculados com extremo cuidado, para evitar novas ondas de contaminação de coronavírus.

É importante observar como alguns países asiáticos estão lidando com essa transição. China, Hong Kong, Cingapura e Coréia do Sul são exemplos de lugares em estágios mais adiantados da crise. No início da semana, a Coréia reportou que mais de 100 pessoas inicialmente recuperadas da doença voltaram a se infectar. As autoridades locais ainda estão investigando as causas dessa recaída.

Ainda nesta quarta-feira, à tarde, teremos uma conversa com mais um grande nome do mercado brasileiro. Márcio Appel, gestor da Adam Capital. Ele vai falar sobre suas perspectivas para a economia e quais estratégias de investimento ajudam o investidor em tempos de incerteza como o atual. Acompanhe o papo.